Brasil, não há muito o que comemorar. É que, na verdade, a escravidão não acabou, nem no Brasil nem no mundo, como atestam os dados da organização australiana Walk Free Foundation, divulgados em 2015 passados, em todo o planeta, há 46 milhões de pessoas submetidas a alguma forma de escravidão.
A professora Zilda Yokoi, titular do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, observa que o que mudou foi o conceito de escravidão, antes compreendido como a compra e venda de uma pessoa humana. Hoje, o conceito se ampliou, significando toda e qualquer forma de aprisionamento, expropriação, perseguição, prisão e a não remuneração pelo trabalho realizado.
Segundo a professora Zilda, o problema da escravidão nos dias atuais começou a ser discutido mais profundamente em meados da década de 1980, por ocasião da descoberta de indivíduos trabalhando em regime de escravidão em fazendas de cana-de-açúcar na região oeste de São Paulo. Mais recentemente, o assunto voltou à tona, desta vez atingindo a produção urbana, quando foi constatado que imigrantes bolivianos trabalhavam em condições subumanas em oficinas de costura em regiões do centro da Capital de São Paulo.
Ainda segundo a professora, de lá para cá houve avanços, a partir da realização de blitz da Polícia Federal e do Ministério Público em tais locais de trabalho, o que, por outro lado, levou a que parte desses imigrantes começasse a migrar para a Argentina, onde também existe um mercado de trabalho a partir do qual oficinas de costura vendem seus produtos para grandes marcas internacionais. Atualmente, com a chegada de imigrantes originários da África ao Brasil, a preocupação com o trabalho escravo só cresceu, uma vez que a essa condição se junta o racismo.
No mundo, a escravidão ainda é uma realidade em países como Coreia do Norte, do Leste Europeu, Camboja e Índia, entre outros, além do próprio Brasil, que, como não poderia deixar de ser, também aparece nesse ranking de degradação do ser humano.
Mas, hoje já se observa que está mais difícil encontrar esse tipo de gente, uma vez que as denúncias se avolumaram e as fiscalizações estão mais eficientes.