Publicado em 1867, “O Capital” (Das Kapital, em alemão) é a obra mais importante de Karl Marx e um dos livros mais influentes da história. Ele revolucionou o pensamento econômico, político e social, tornando-se a base do socialismo científico e do marxismo. Mesmo mais de 150 anos após seu lançamento, O Capital continua sendo estudado e debatido, especialmente em tempos de crises econômicas e desigualdades sociais.
Datas e Estrutura da Obra
Marx planejava O Capital como uma série de quatro volumes, mas apenas o Volume I foi finalizado e publicado por ele em 1867. Os demais volumes foram organizados e publicados postumamente por Friedrich Engels e outros colaboradores:
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Volume I: O Processo de Produção do Capital (1867) – Único publicado por Marx.
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Volume II: O Processo de Circulação do Capital (1885) – Editado por Engels.
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Volume III: O Processo Global da Produção Capitalista (1894) – Também editado por Engels.
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Volume IV: Teorias da Mais-Valia (1905-1910) – Publicado por Karl Kautsky, baseado em manuscritos de Marx.
Além disso, os Grundrisse (1857-1858) são considerados rascunhos preparatórios da obra.
Divisões Principais do Livro (Volume I)
O Volume I, o mais estudado, está dividido em:
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Mercadoria e Dinheiro – Análise do valor, trabalho abstrato e fetichismo da mercadoria.
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Transformação do Dinheiro em Capital – Introdução ao conceito de mais-valia.
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A Produção da Mais-Valia Absoluta – Exploração do trabalho e jornada de trabalho.
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A Produção da Mais-Valia Relativa – Inovações tecnológicas e aumento da exploração.
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A Acumulação do Capital – Como o capital se reproduz e gera desigualdade.
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A Chamada Acumulação Primitiva – Origem histórica do capitalismo (expropriação, colonialismo).
Principais Temas do Livro
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Mais-Valia – O lucro do capitalista vem da exploração do trabalhador, que produz mais valor do que recebe.
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Fetichismo da Mercadoria – As relações sociais são obscurecidas pela valorização das mercadorias.
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Alienação do Trabalho – O trabalhador perde controle sobre o que produz e sobre si mesmo.
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Crises do Capitalismo – Marx prevê que o sistema gera crises cíclicas por contradições internas.
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Concentração de Riqueza – O capitalismo tende a monopolização e aumento da desigualdade.
Impacto Histórico
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Influência em Revoluções – Inspirou a Revolução Russa (1917), a Revolução Chinesa (1949) e movimentos socialistas no mundo todo.
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Crítica ao Capitalismo – Tornou-se referência para economistas, filósofos e ativistas anticapitalistas.
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Desenvolvimento da Sociologia e Economia Política – Influenciou pensadores como Max Weber, Keynes e até críticos como Hayek.
“O Capital” na Atualidade
Mesmo após a queda da URSS e a globalização neoliberal, O Capital segue relevante:
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Crises Econômicas – A crise de 2008 reacendeu o interesse pela análise marxista das finanças.
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Desigualdade Social – A concentração de riqueza (como apontado por Piketty) ecoa as críticas de Marx.
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Automação e Precariedade – A exploração do trabalho e o desemprego tecnológico são temas atuais.
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Movimentos Anticapitalistas – O livro é estudado por sindicatos, partidos de esquerda e movimentos como o Occupy Wall Street.
Conclusão
O Capital não é apenas um livro de economia, mas uma ferramenta crítica para entender as contradições do capitalismo. Sua análise sobre exploração, crises e acumulação de riqueza ainda ressoa no século XXI, tornando-o uma leitura essencial para quem quer compreender (e transformar) o mundo em que vivemos.
“Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo.”
— Karl Marx (Teses sobre Feuerbach)
📚 Recomendações de leitura complementar: “Grundrisse”, “Manifesto Comunista” e “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”.