As eleições municipais de 2020 marcam os primeiros 20 anos da possibilidade de reeleição para o cargo de prefeito em nosso país. Ao rememorarmos brevemente essas duas décadas, tendo como foco as 26 capitais brasileiras, verificamos que a tendência à reeleição vem se consolidando a cada ano eleitoral. Na primeira disputa municipal, em 2000, 16 prefeitos foram reeleitos. Em 2004, dos 11 prefeitos que concorreram, 8 obtiveram sucesso. Já o pleito de 2008 foi, até hoje, aquele em que mais prefeitos de capitais foram reeleitos, sendo que dos 20 candidatos, 19 foram reconduzidos ao cargo – 13 no primeiro turno e 6 no segundo. Em 2012 das 8 capitais que disputaram reeleição, 4 prefeituráveis lograram sucesso, todos em primeiro turno. Em 2016, 15 conquistaram mais 4 anos de gestão – 7 no primeiro turno.
Nas eleições de 2020, das 26 capitais, 13 prefeitos concorreram à reeleição – somente na capital gaúcha, o atual prefeito, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que terminou em terceiro lugar, ficou de fora disputa. O primeiro turno terminou com prefeitos reeleitos 6 capitais: Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Natal e Palmas. Estes, não apenas contavam com taxas mais altas de avaliação positiva da gestão e menor taxa de rejeição do que os demais, como também, capitalizaram com mais sucesso as intenções de votos entre os eleitores satisfeitos com a atual administração.
Outros seis prefeituráveis disputarão o segundo turno: São Paulo, Rio de Janeiro, Cuiabá, Rio Branco, Aracaju e Porto Velho. Entre os prefeitos das capitais que disputam a reeleição, temos dois grupos: a) aqueles que tiveram uma disputa mais acirrada no primeiro turno, com dois ou mais adversários, e b) aqueles que lideraram o primeiro, mas não conseguiram votos suficientes para vencer o pleito. No caso de reeleição, no segundo turno, os prefeitos precisam considerar, além das especificidade das disputas em cada capital e do o grau de desgaste no primeiro turno, a capacidade de manter baixo o índice de rejeição e aumentar o de aprovação da atual gestão, precisa ainda demonstrar força junto a câmara dos vereadores.
No primeiro grupo que disputa a reeleição, no segundo turno destas eleições, temos a capital São Paulo, que no início de outubro, segundo o Ibope apontava que o atual prefeito Bruno Covas (PSDB) estava tecnicamente empatado, em segundo lugar, com Guilherme Boulos (Psol), ambos na casa dos 21%. O psdebista ganhou forças e chegou ao segundo turno com 32,85% dos votos válidos, versus 20,24% de Boulos. O mesmo ocorreu na corrida eleitoral no Rio de Janeiro, onde nem a pesquisa de boca de urna assinalava, com alguma certeza, se o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) iria ou não disputar a reeleição no turno seguinte contra Eduardo Paes (DEM). Paes liderou e terminou o turno em primeiro lugar, com 27% dos votos válidos, contra 12% do atual prefeito da capital fluminense. Em Cuiabá, o atual prefeito, Emanuel Pinheiro (MDB), como nos casos anteriores, passou a primeira parte da campanha empatado tecnicamente na vice liderança, mas conseguiu chegar ao segundo turno com 30,64% de votos. A disputa à reeleição será com o novato vereador Abílio Junior (Podemos), que recebeu 33,72% dos votos válidos. Em Rio Branco, a atual prefeita Socorro Neri (PSB) disputou a segunda vaga com Minoru Kinpara (PSDB). A candidata à reeleição recebeu 22,68% dos votos válidos e irá disputar o segundo turno com Tião Bocalom (PP), que recebeu 49,58% dos votos.
No segundo grupo, temos o atual prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), que esteve à frente nas intenções de votos e terminou o primeiro turno com 45,57% dos votos válidos, enquanto a adversária, Delegada Danielle (Cidadania) terminou com 21,31%. Em Porto Velho, o candidato a reeleição, Hildon Chaves (PSDB), também liderou e terminou o turno à frente com 34,01%, e disputará o segundo turno com a candidata Cristiane Lopes (PP), que recebeu 14,32% dos votos válidos.
Ao longo das eleições de 2020, muitas atipicidades que poderiam ou ainda podem influenciar no resultado foram apontadas. Todavia podemos afirmar, mesmo sem a conclusão do segundo turno, que a variável “reeleição” não foi afetada negativamente nas capitais: esse índice continua alto e com tendência a aumentar, a depender do desempenho dos reelegíveis na reta final.
Fonte: Eleições com Lavareda