A Guerra de Canudos, Motivos, Lideranças e Consequências

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A Guerra de Canudos, Motivos, Lideranças e Consequências
Divisão de Artilharia Canet posando para foto na cidade de Monte Santo, base das operações do exército brasileiro na Guerra de Canudos. Na foto está a temida "matadeira", apelido dado ao canhão Withworth 32, utilizado na última expedição militar enviada a Canudos. / foto: Flávio de Barros/Acervo Museu da República

A Guerra de Canudos foi um conflito armado que ocorreu entre 1896 e 1897 no interior da Bahia, Brasil. Foi um dos episódios mais marcantes da história do país, envolvendo o confronto entre o Exército brasileiro e os seguidores de Antônio Conselheiro, um líder religioso e messiânico. Abaixo, os principais motivos e lideranças envolvidas:

A Guerra de Canudos, Motivos, Lideranças e Consequências
Corpo morto do místico Antônio Conselheiro. Ele morreu supostamente vítima de uma disenteria antes do fim do combate. / Foto: Flávio de Barros/Acervo Museu da República

Motivos da Guerra de Canudos:

1. Contexto Social e Econômico:

  • O Nordeste brasileiro, no final do século XIX, enfrentava uma grave crise social e econômica, com secas, miséria e exclusão social.
  • A população rural, abandonada pelo governo, vivia em condições precárias, o que a tornava suscetível a lideranças messiânicas que prometiam salvação e justiça.

2. Liderança de Antônio Conselheiro:

  • Antônio Conselheiro, um líder religioso carismático, pregava contra a República recém-instaurada (1889), que ele considerava ímpia, e contra os impostos e a cobrança de dívidas.
  • Ele atraiu milhares de seguidores, principalmente sertanejos pobres, que viam nele uma figura de esperança e proteção.
A Guerra de Canudos, Motivos, Lideranças e Consequências
Um dos poucos grupos de prisioneiros de Canudos que não foram mortos pelo exército. / Foto: Flávio de Barros/Acervo Museu da República

3. Formação de Canudos:

  • Conselheiro e seus seguidores fundaram o arraial de Canudos, no sertão da Bahia, que se tornou uma comunidade autossustentável e desafiadora da ordem estabelecida.
  • O crescimento rápido de Canudos e a lealdade de seus habitantes a Conselheiro alarmaram as autoridades locais e nacionais.

4. Tensões Políticas e Religiosas:

  • A República via Canudos como uma ameaça à ordem e à autoridade, especialmente porque Conselheiro criticava o regime republicano.
  • A Igreja Católica também via com desconfiança o movimento, considerando-o uma heresia.

5. Intervenção Militar:

O governo da Bahia e, posteriormente, o governo federal enviaram expedições militares para destruir Canudos, alegando que o arraial era um foco de monarquistas (que queriam restaurar a monarquia) e fanáticos religiosos.

Localização do arraial de Canudos, Bahia. / Foto: Percurso

Lideranças:

1. Antônio Conselheiro:

  • Líder espiritual e político de Canudos, considerado um messias pelos seus seguidores.
  • Pregava a salvação dos pobres e a construção de uma sociedade justa, baseada em princípios religiosos.

2. Lideranças Militares:

  • Coronel Moreira César: Comandante da terceira expedição militar, que foi derrotada pelos conselheiristas.
  • General Artur Oscar: Liderou a quarta e última expedição, que resultou na destruição de Canudos.

3. Seguidores de Canudos:

 A população de Canudos, composta por cerca de 25 mil pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças, que resistiram bravamente aos ataques do Exército.

Prisão de jagunços pela cavalaria. Últimos momentos da Guerra de Canudos. Foto de Flávio de Barros.
Prisão de jagunços pela cavalaria. Últimos momentos da Guerra de Canudos. Foto de Flávio de Barros. / Foto: Reprodução

Desfecho:

A Guerra de Canudos terminou com a destruição total do arraial em outubro de 1897. Milhares de conselheiristas foram mortos, e o local foi arrasado. O conflito expôs as desigualdades sociais do Brasil e a brutalidade do Estado contra movimentos populares. A história de Canudos foi imortalizada na obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que retratou o conflito e suas causas de forma crítica.