COP30: Uma Oportunidade para Combater a Violência contra a Mulher no Pará
A realização da COP30 em Belém, em 2025, traz ao Pará uma oportunidade única de colocar em pauta questões urgentes que afetam diretamente a população, incluindo a violência contra a mulher. O evento, que se concentra em mudanças climáticas e sustentabilidade, pode ser um catalisador para abordar problemas sociais estruturais que comprometem o desenvolvimento humano e ambiental, como a violência de gênero, especialmente em áreas rurais e do setor agro.
O Estado do Pará enfrenta uma crise de violência de gênero, agravada pela falta de acesso à justiça e à proteção adequada. Muitas vítimas sequer conseguem registrar as agressões, seja pela distância dos órgãos competentes, seja pelo medo ou pela falta de apoio. Quando conseguem, enfrentam um sistema que frequentemente falha em garantir o amparo necessário e a devida punição aos agressores, perpetuando um ciclo de violência e vulnerabilidade.
Essa realidade é ainda mais cruel nas áreas rurais, onde as mulheres que trabalham no setor agro são alvos frequentes de agressões. Os agressores, muitas vezes, se aproveitam do isolamento geográfico e da ausência de fiscalização para agir de forma impune, certos de que não enfrentarão consequências. Essa situação reflete não apenas a falha do sistema de justiça, mas também um descaso com a construção social e a proteção dos direitos humanos no Estado.
A COP30 pode ser um marco para o Pará ao ampliar o debate sobre a interseção entre justiça social e sustentabilidade. Eis algumas formas pelas quais o evento pode ajudar a combater a violência contra a mulher:
A presença de líderes globais e organizações internacionais pode trazer luz à realidade das mulheres paraenses, especialmente nas áreas rurais. Isso pode gerar pressão para que políticas públicas mais eficazes sejam implementadas.
Com a atenção voltada ao Estado, é possível exigir investimentos em infraestrutura que ampliem o acesso das mulheres à proteção legal, como delegacias especializadas em regiões remotas e canais digitais para denúncias.
A COP30 pode facilitar a formação de parcerias entre o governo do Pará e organizações internacionais que atuam na defesa dos direitos das mulheres, trazendo recursos e expertise para combater a violência de gênero.
O evento pode ser uma plataforma para lançar campanhas de conscientização sobre os direitos das mulheres e a importância de combatê-la como parte de um desenvolvimento sustentável.
A relação entre mudanças climáticas e desigualdade de gênero é clara: mulheres em áreas rurais são frequentemente mais vulneráveis a desastres ambientais e crises sociais. Incluir a violência de gênero como um tema relevante na agenda da COP30 pode reforçar a necessidade de ações integradas.
Como mulher residente no Pará, também fui vítima de um atentado contra a minha vida na zona rural há dois anos, e até hoje não vi a justiça ser feita. Posso afirmar que essa luta é urgente. A impunidade não apenas perpétua a violência, mas também destrói a confiança das mulheres no sistema e limita sua capacidade de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa.
A COP30 não pode ser apenas um evento de discursos e promessas. Ela precisa ser um marco para mudanças reais, que garantam que nenhuma mulher, seja no campo ou na cidade, seja deixada para trás. Que o Pará aproveite essa oportunidade para se tornar exemplo de combate à violência de gênero e à impunidade, unindo sustentabilidade e justiça social em sua essência.
O combate à violência contra a mulher no Pará, especialmente nas áreas rurais, é uma questão que deve ser priorizada em eventos de grande magnitude como a COP30. Mais do que um evento climático, a conferência deve ser um espaço para discutir e implementar soluções que promovam um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, que inclua justiça, igualdade e segurança para todas as mulheres.
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Katiane Leal
Formada em Direito pela cidade de Goiânia e está cursando pós-graduação em Direito Agrário. Possui especialização em desenvolvimento pessoal e mercado financeiro, além de atuar como escritora de colunas e no mercado digital. Defensora do agronegócio, dedica-se à valorização das mulheres no setor, promovendo inclusão e representatividade. Sua escolha pelo âmbito agrário reflete suas raízes, sendo parte desse meio há várias gerações, o que reforça sua conexão e compromisso com o desenvolvimento rural.
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