A história do Metodismo nos EUA é um exemplo clássico de como a instituição da escravidão gerou grandes conflitos e divisões dentro das denominações religiosas americanas.
1. Início Antiescravidão
- Fundação Forte: A Igreja Metodista Episcopal, fundada formalmente em 1784 nos EUA, herdou a postura antiescravidão de John Wesley (que condenou a prática como “o grande mal nacional”).
- Regras Iniciais: As regras originais da igreja eram fortemente contrárias à posse de escravos, chegando a exigir que os membros libertassem as pessoas escravizadas.
2. O Crescimento e o Comprometimento
- Expansão: O Metodismo cresceu rapidamente no país, espalhando-se para o Oeste e, crucialmente, para o Sul.
- Pressão do Sul: Para não perder membros e crescimento na região sul, onde a escravidão era o alicerce econômico e social, a denominação começou a enfraquecer suas regras antiescravidão. A proibição tornou-se branda, e a prática da escravidão por membros e até mesmo por líderes se tornou comum.
3. O Grande Cisma (1844)
- A Divisão: A tensão sobre a escravidão atingiu seu ápice. Em 1844, a Igreja Metodista Episcopal se dividiu em duas denominações separadas:
- Igreja Metodista Episcopal (Norte): Manteve uma postura (mais) antiescravidão.
- Igreja Metodista Episcopal do Sul (Sul): Formada para permitir e defender a posse de escravos por seus membros e bispos.
Essa divisão foi um prenúncio da Guerra Civil Americana (1861-1865) e ilustrou o profundo racha da nação. As igrejas só se reunificaram mais de 90 anos depois.
4. O Metodismo Afro-Americano
- Igreja Episcopal Metodista Africana (AME): A segregação e o tratamento desigual dentro da Igreja Metodista Episcopal levaram metodistas negros a se separarem e a fundarem suas próprias denominações.
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Richard Allen, um ex-escravo, fundou a Igreja Episcopal Metodista Africana (AME) em 1816, tornando-a uma das primeiras e mais influentes denominações protestantes independentes formadas por negros nos EUA, e um pilar do ativismo e da comunidade afro-americana.