O Sistema Escolar de Residências Indígenas do Canadá tinha 130 internatos e o seu principal objetivo era receber crianças indígenas. Nos locais há relatos de todos os tipos de abusos.
Esses colégios administrados pelo governo, e em sua maioria operados pela Igreja Católica, formavam parte da política de assimilação cultural das crianças indígenas.
Os menores não podiam falar sua língua ou praticar a cultura de seus povos. Muitos eram maltratados e sofriam abusos.
Agora, a aterrorizante descoberta dos restos mortais de 215 crianças que estudavam em um desses internatos, a escola residencial indígena Kamloops, colocou novamente em discussão os abusos cometidos nessas instituições.
O Joseph Maud foi uma dessas crianças. Em 1966, com cinco anos de idade, ele entrou no internato Pine Creek, em Manitoba, no Canadá.
Era esperado que os alunos falassem inglês ou francês, mas Maud só falava a língua de seu povo, Ojibwa.
Se os alunos falassem suas próprias línguas, eles levavam puxões de orelhas e suas bocas eram lavadas com sabão, relatou Maud à BBC em 2015, quando foi publicado um relatório da Comissão de Verdade e Reconciliação sobre o tema.
“Mas a maior dor era estar separado dos meus pais, primos e dos meus tios e tias“, contou Maud à BBC.
O relatório descreveu a política liderada pelo governo como “genocídio cultural“.
“Essas medidas faziam parte de uma política coerente para eliminar os aborígenes como povos distintos e assimilá-los na corrente dominante canadense contra a sua vontade“, diz o documento.