1) Haitiano da gema, da capital Porto Príncipe, François Duvalier (1907-1971) era filho de um juiz de paz e de uma padeira. A mãe tinha deficiência mental e foi se afastando cada vez mais da família até falecer quando ele tinha 14 anos. François foi morar com uma tia até o fim da adolescência.
2) Formado em medicina com 27 anos, fez residência nos hospitais da capital. Em 1943, se aproximou da população carente ao trabalhar com prevenção e combate de doenças tropicais, como malária e tifo. Foi aí que recebeu o apelido de Papa Doc – “doutor papai”, em francês.
3) Em 1949, como ministro da Saúde, é perseguido pelos militares e exilado por apoiar o presidente deposto Dumarsais Estimé. Retorna ao país em 1956 e faz uma campanha populista contra a elite mulata que comanda o Haiti. Com apoio dos negros, elege-se presidente em 1957.
4) Doc foi logo mandando seus inimigos para o exílio e passou a reprimir a elite mulata. Ao mesmo tempo, nomeou membros da maioria negra para as Forças Armadas e cargos públicos. A guarda presidencial virou força de elite, com missão extraoficial de mantê-lo no poder.
5) Consolida seu poder no interior do país criando, em 1959, uma milícia rural que chegou a ter o dobro de homens do Exército e teria assassinado mais de 3 mil inimigos políticos a mando de Doc. Em 1961, violou a Constituição e se nomeou “presidente para toda a vida”.
6) Papa Doc era praticante assíduo do vodu – a religião nativa do Haiti. Proclamou-se sacerdote e criou uma aura misteriosa, relacionando sua imagem com entidades vodu. Há rumores de que o líder mandava arrancar a cabeça dos inimigos para se comunicar com eles.
7) Para um país que sempre foi mal na economia, o governo corrupto de Doc foi tão ou mais devastador que o terremoto de 2010, agravando a fome e a pobreza. Papa enriqueceu ilicitamente e confiscou terras produtivas para distribuir a aliados políticos.
Que fim levou?
François Duvalier permaneceu no poder até a morte, em 1971. O sucessor foi seu único filho, Jean-Claude Duvalier, ou Baby Doc.
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