O Senado dos Estados Unidos rejeitou, por uma estreita margem de 51 votos a 49, uma resolução bipartidária que pretendia impedir o presidente Donald Trump de realizar ações militares na Venezuela sem autorização do Congresso. A proposta, elaborada por senadores democratas e pelo republicano Rand Paul, surge em meio ao aumento da presença militar americana no Caribe e a tensões crescentes com o governo de Nicolás Maduro. Mesmo após admitir não ter justificativa legal para atacar alvos venezuelanos, a Casa Branca segue avaliando possíveis bases jurídicas para ampliar sua campanha militar, inicialmente voltada contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas.
A rejeição da resolução ocorre em um contexto de incerteza sobre as reais intenções de Washington. O envio do porta-aviões USS Gerald Ford, o maior da frota americana, para a costa venezuelana elevou o nível de alerta na região e alimentou especulações sobre um possível ataque a alvos militares ou campos de petróleo. Apesar de Trump afirmar que busca combater o narcotráfico, analistas e juristas alertam que qualquer intervenção direta violaria a Carta da ONU e a Constituição dos EUA, que reserva ao Congresso o poder de declarar guerra. O próprio governo reconhece que atua em uma “zona cinzenta” legal, enquanto tenta justificar suas operações como parte de um conflito contra o narcoterrorismo.
Enquanto isso, Trump mantém silêncio sobre uma eventual ofensiva, preferindo enviar sinais ambíguos. Em discurso em Miami, diante de uma plateia favorável à oposição venezuelana, o presidente defendeu as ações navais que já deixaram dezenas de mortos e prometeu continuar a “explodir terroristas de cartéis”. A líder opositora María Corina Machado, em videoconferência no mesmo evento, apoiou as medidas e afirmou que o regime de Maduro “declara guerra à região por meio do crime organizado”. Nos bastidores, porém, cresce a preocupação de que a escalada militar americana possa se transformar em uma intervenção aberta — com consequências imprevisíveis para toda a América Latina.
