Reunião discute avanço de pesquisas para regulamentação do café de açaí, na Alepa

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Reunião discute avanço de pesquisas para regulamentação do café de açaí, na Alepa
Foto: Celso Lobo (AID/Alepa)

A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) sediou, na tarde desta terça-feira (18), uma reunião para discutir o andamento das pesquisas para a regulamentação do café de açaí no Estado. O encontro, que reuniu representantes da Câmara Técnica de Comercialização, Agroecologia, Produtos Orgânicos e Sociobiodiversidade; da Associação Brasileira das Indústrias de Café de Açaí (Abic); pesquisadores das Universidades Federal do Pará (UFPA), do Estado do Pará (Uepa) e Federal Rural da Amazônia (Ufra); além de empreendedores do segmento; ocorreu no gabinete do deputado Eraldo Pimenta, articulador e mediador desse trabalho pela legalização e promoção desse mercado.

Reunião discute avanço de pesquisas para regulamentação do café de açaí, na Alepa
Foto: Celso Lobo (AID/Alepa)

A intenção é discutir um regulamento técnico de criação de um Padrão de Identidade e Qualidade para o produto, especificamente o grão de açaí torrado e moído, para a comercialização no Estado do Pará, no Brasil e no mercado internacional. A reunião contou, ainda, com a participação de um agente do Banpará para conhecer a nova atividade empresarial que utiliza resíduos – o caroço do açaí – como principal matéria prima para fabricar um novo produto. De acordo com o chefe de gabinete do deputado, Manoel Messias, a iniciativa atende de forma extraordinária à uma demanda socioambiental.

“O deputado Eraldo foi o único que comprou essa causa, a pedido do presidente da Abic, e ele viu, em um futuro próximo, a possibilidade de resolver um dos problemas ambientais que enfrentamos com essa sobra de caroço de açaí, descartado de forma irresponsável na natureza. Então, é um resíduo transformado em um produto útil e gerador de renda e empregos, além de tirar da natureza uma quantidade enorme de produtos que só contribuem com a poluição”, analisou Messias.

De acordo com os pesquisadores da Uepa e UFPA, a previsão é que os levantamentos de pesquisa para o grupo sejam entregues nos próximos quatro meses. A Universidade do Estado do Pará ficou com a responsabilidade da pesquisa físico-química; enquanto a Universidade Federal do Pará ficou encarregada dos estudos de toxicologia; e a Ufra, dos estudos da microbiologia do subproduto do açaí.

Reunião discute avanço de pesquisas para regulamentação do café de açaí, na Alepa
Foto: Celso Lobo (AID/Alepa)

Nilton Akio Muto, professor de biotecnologia da UFPA e pesquisador do Centro de Valorização de Compostos e Bioativos da Amazônia, reforça que o caroço do açaí é um subproduto da cadeia do açaí, representando 85% da composição do fruto – os outros 15% são polpa de fruto.”Esse subproduto pode ser utilizado como matéria-prima para pesquisa de novos produtos, um deles é o café de açaí, mas, para dar validade e segurança ao consumo, é preciso fazer estudos para garantir que o produto seja isento de danos ou toxicidades e, posteriormente, levantar informações sobre os benefícios que esse produto pode trazer”, pontuou Nilton.

Reunião discute avanço de pesquisas para regulamentação do café de açaí, na Alepa
Foto: Celso Lobo (AID/Alepa)

Já Diego Aires, professor e coordenador do curso de Tecnologia de Alimentos da Uepa, lembra que o trabalho do grupo de pesquisadores é voltado para conferir apoio técnico a esses produtores e também aos órgãos estaduais competentes.”Os produtores começaram a entender e processar esse resíduo, e foi aí que os órgãos competentes começaram a nos procurar, como Sebrae, para pedir apoio, e nós tínhamos pesquisas voltadas para essa área. Nosso trabalho é voltado para falar sobre a viabilidade desse mercado do ponto de vista toxicológico, técnico e de saudabilidade, grau de risco, para que esse processo possa fluir. Estamos em um processo de levantamento de dados de processamento e toxicologia, e microbiologia para fornecer aos órgãos competentes essas informações. Por exemplo, como ele pode ser melhor armazenado, como deve ser o processamento desse produto”, explica Diego.

O presidente da Abic, Orlando Nascimento da Silva, é contador de profissão, e se tornou produtor de café de açaí em Pacajá (PA) após experimentar beber essa versão de café para reduzir os índices de glicose, para controle da diabetes. O produto, segundo ele, é produzido há 30 anos. “Há um ano e meio, o Governo do Pará resolveu, através da Vigilância Sanitária fechar as fábricas e retirar esse produto do mercado. Então, essas empresas sentiram muito, eram 50 toneladas por mês com exportação, ou seja, comercialização não só fora do Pará, a nível nacional, como internacional. Foi um choque. Milhares de pessoas ficaram desempregadas. Então o objetivo hoje da reunião é tentar avançar na legalização desse produto, saber em que ponto das pesquisas nós estamos para seguir em frente”, explicou Orlando.

Adilson Cavalcante é empresário e atua com a produção de café de açaí, e ressalta que o grupo de mais de 50 produtores tem capacidade de produção. “A gente tem a produção, tem capacidade de produção. Porém ficamos parados em função dessa portaria que foi lançada pelo governo do estado. E hoje a gente produz só pra consumo interno, para familiares, como experiência. Então estamos buscando a liberação para poder voltar a produzir”, finalizou.

Reportagem: Natália Mello – AID – Comunicação Social
Edição: Dina Santos – AID – Comunicação Social
Fonte: Alepa