O vereador João Marcos Luz (MDB), em sessão remota e extraordinária da Câmara Municipal nesta quinta-feira à tarde, 17 de dezembro, cobrou dos empresários do transporte público coletivo compromisso com o salário dos funcionários.
“Quero iniciar sendo solidário aos trabalhadores. Ao meu juízo, os trabalhadores foram até este instante enganados pelo Poder Público, enganados pela Prefeitura, enganados pela prefeita Socorro Neri, enganados pelos secretários e enganados até por alguns vereadores. São umas pessoas que têm o trabalho, e eu vivi isso de perto, de extrema relevância para a sociedade. É grandiosa mesmo. A população tem seus afazeres, tem sua vida, e finda não notando isso. É muito importante a função de motorista de ônibus, assim como é de juiz, médico e outras, por isso, a minha solidariedade. Quero parabenizar os nove vereadores que resistiram à pressão. Eu mesmo fui pressionado em todos os sentidos, mas tenho a minha convicção, e, por isso, nos mantivemos firme porque este projeto não é eficaz”, ressaltou.
Luz lamentou o texto do novo Projeto de Lei da Prefeitura que visava o aporte de R$ 2,4 milhões às empresas de ônibus. Sem a assinatura de nove vereadores, o projeto acabou sendo rejeitado pela segunda vez na Casa.
“Analisei o último projeto enviado e não preciso falar muito. Tenho tentado explicar aos motoristas. O PL é muito claro. É criada uma conta para o Sindcol. O que é o Sindcol? Não é o sindicato dos trabalhadores, é o sindicato dos empresários. Ou seja, o recurso iria para domínio dos empresários. Não é uma conta judicial. É uma conta do Sindcol. Todo o controle seria feito todo pelos empresários. A Justiça não teria nenhum controle sobre essa conta. Os trabalhadores muito menos. A RBTRANS poderia solicitar informações. Ora, o que será que passa pela cabeça de algumas autoridades para achar que a Câmara é um local de brincadeira e que não estamos atentos à sociedade por inteiro? Portanto, se esse projeto fosse aprovado, nós estaríamos assinando uma traição, um cano nos trabalhadores. E quero dizer que sempre fui contra, desde o princípio, porque é uma questão de obviedade, é uma questão de naturalidade. Se as empresas são concessionárias do serviço público, é responsabilidade do Poder Público fiscalizar para que elas prestem um bom serviço à sociedade e não o Poder Público se responsabilizar por salários, por problemas individuais e íntimos das empresas, problemas administrativos que elas poderiam resolver”, disse.
No final do discurso, o vereador pediu para os empresários das empresas de ônibus criarem vergonha na cara e pagarem os trabalhadores.
“O Poder Público tem que fiscalizar e cobrar qualidade, ônibus novos, motoristas treinados e recebendo em dia, essa é a função. Não é assumir defeitos que poderiam ter sido corrigidos pelos empresários e não foram. Aplicar recurso público na veia dos empresários é não ter respeito algum pelo dinheiro público. Se o cidadão chega no posto de saúde e não tem remédio, isto sim é de responsabilidade da Prefeitura. Pagar salário de funcionário de empresa privada não é ser justo com os pagadores de impostos. Nós não estaríamos sendo justos com aqueles que quebraram na pandemia e não conseguiram voltar e estão com os seus comércios fechados. Nós não estaríamos sendo justos com mais de dez mil desempregados, durante um período, e que provavelmente aumentou muito. Portanto, esta Casa fez justiça. Os trabalhadores que foram enganados depois vão entender que seriam redondamente enganados se este projeto fosse aprovado. Quero repetir uma coisa: estes empresários, vou dizer o nome, Roger e Valdir, têm que criar vergonha na cara e pagar os trabalhadores. Tanto o senhor Roger quanto o senhor Valdir têm negócios fora do estado, têm dinheiro e patrimônio, por que não pagam os trabalhadores? Por que não entra na Justiça com as planilhas? Demonstra que teve prejuízo e de forma legal vai ser reparado. Fazer acordos políticos no escuro, envolvendo instituições sérias e querendo que a Câmara ateste qualidade e ética, é tentar gozar de todos nós. De vez em quando eles visitam o Acre. Criem vergonha na cara e paguem os trabalhadores”, concluiu João Marcos Luz.