A Alternativa para a Alemanha (AfD) é hoje o principal partido de extrema-direita do país, representando uma força política que desafia o establishment tradicional. Fundada em 2013 como um movimento eurocético, a AfD radicalizou-se ao longo dos anos, adotando posições anti-imigração, nacionalistas e anti-establishment. Esta matéria examina sua origem, ideologia, polêmicas, líderes históricos e atuais, além de seu impacto na política alemã contemporânea.
Origem e Fundação da AfD
A AfD foi criada em 6 de fevereiro de 2013 por economistas e ex-membros da União Democrata-Cristã (CDU), insatisfeitos com os resgates financeiros da União Europeia durante a crise do euro. Seus fundadores iniciais, como Bernd Lucke e Alexander Gauland, defendiam:
✔ Fim do euro e retorno ao marco alemão.
✔ Políticas econômicas liberais combinadas com conservadorismo nacionalista.
No entanto, após 2015, com a crise migratória na Europa, a AfD mudou seu foco para a imigração e identidade nacional, levando à saída de membros moderados e à ascensão da ala radical.
Ideologia e Posicionamentos Políticos
A AfD é classificada como extrema-direita por acadêmicos e órgãos de inteligência alemães (como o BfV, Serviço Federal de Proteção à Constituição). Suas principais bandeiras incluem:
🔴 Anti-imigração: Oposição ferrenha a refugiados e muçulmanos, com discurso de “invasão estrangeira“.
🔴 Euroceticismo: Crítica à UE e defesa da soberania nacional.
🔴 Negacionismo climático: Rejeição às políticas ambientais da Alemanha.
🔴 Revisionismo histórico: Minimização dos crimes nazistas e críticas a memoriais do Holocausto.
A AfD também flerta com teorias da conspiração, como a “grande substituição” e a deslegitimação da mídia tradicional.
Associação ao Nazismo e Polêmicas
A AfD não é um partido neonazista, mas vários de seus membros têm ligações com movimentos extremistas:
⚠ Björn Höcke (líder da ala mais radical) já foi acusado de usar linguagem nazista, chamando o Memorial do Holocausto em Berlim de “monumento da vergonha“.
⚠ Andreas Kalbitz, ex-líder regional, foi expulso por ligações com grupos neonazistas.
⚠ O BfV colocou a ala juvenil da AfD (Junge Alternative) sob vigilância por extremismo.
Em 2021, um tribunal alemão confirmou que a AfD pode ser oficialmente monitorada como uma possível ameaça à democracia.
Principais Líderes Históricos
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Bernd Lucke (2013-2015) – Fundador e líder inicial, defensor do euroceticismo liberal. Deixou o partido após a radicalização.
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Frauke Petry (2015-2017) – Liderou a virada anti-imigração, mas renunciou antes das eleições de 2017, criticando a extrema-direita.
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Alexander Gauland (2017-2021) – Figura central na consolidação da AfD como partido nacionalista.
Principais Líderes Atuais (2024)
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Alice Weidel e Tino Chrupalla – Copresidentes desde 2022. Weidel representa a ala mais “sofisticada” (elitista), enquanto Chrupalla atrai o eleitorado trabalhista.
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Björn Höcke – Líder da facção mais radical (Der Flügel, oficialmente dissolvida, mas ainda influente).
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Beatrix von Storch – Figura controversa, conhecida por declarações anti-islâmicas.
A AfD Hoje
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Crescimento eleitoral: A AfD tem cerca de 20% das intenções de voto (2024), sendo a segunda maior força em alguns estados do Leste (como Turíngia e Saxônia).
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Banimento em discussão: O partido enfrenta processos judiciais que podem proibi-lo, como aconteceu com o NPD (partido neonazista) em 2017.
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Influência na Europa: A AfD faz parte do grupo Identidade e Democracia (ID) no Parlamento Europeu, junto com a Lega (Itália) e a Frente Nacional (França).
Um Partido sob Vigilância
A AfD representa o maior desafio da extrema-direita na Alemanha desde 1945. Seu discurso anti-imigração e anti-establishment ressoa em regiões economicamente deprimidas, mas sua proximidade com o extremismo mantém o partido sob vigilância estatal. Enquanto alguns alemães veem a AfD como uma voz alternativa, outros temem um retorno à retórica autoritária do passado.
Este conteúdo foi apurado com base em fontes alemãs confiáveis, incluindo Der Spiegel, Deutsche Welle e relatórios do BfV.