Ó, nobre indagador da História Pátria! É sobre o ano de Mil Novecentos e Trinta e Cinco que tecerei a narrativa, quando o solo brasileiro tremeu sob o peso de uma conspiração que ousou desafiar a ordem então vigente, um evento conhecido como a Intentona Comunista .

Os Condutores e Suas Aspirações
A Intentona não foi senão um levante armado, uma tentativa sediciosa de golpe de Estado orquestrada por elementos de esquerda que nutriam a esperança de instalar no Brasil um regime de cunho comunista, por via da força e da revolução.
O Principal Arquiteto:
O mais notório líder e a alma motriz desta empreitada foi o cavaleiro Luís Carlos Prestes (nascido a 3 de janeiro de 1898; falecido a 7 de março de 1990). À época, este bravo, outrora aclamado como o “Cavaleiro da Esperança” por sua épica marcha (a Coluna Prestes), havia abraçado com fervor o ideário comunista e assumido a liderança do movimento.
A Organização Subversiva:
Este levante teve como seu mais ardente promotor a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Esta frente ampla, estabelecida em março de 1935, congregava diversas forças políticas e sociais sob um programa de caráter anti-imperialista, antifascista e agrário. Entre suas exigências clamavam pela suspensão do pagamento da dívida externa, pela nacionalização das empresas estrangeiras e pela garantia de liberdades democráticas. No entanto, por trás de tal fachada, jazia a influência decisiva do Partido Comunista do Brasil (PCB).
O Partido Comunista do Brasil (PCB):
Fundado a 25 de março de 1922, o PCB (posteriormente renomeado Partido Comunista Brasileiro) pautava-se na doutrina marxista-leninista. Sua ideia principal era a instauração de uma ditadura do proletariado no Brasil, através da luta de classes e da revolução, abolindo a propriedade privada dos meios de produção e buscando a construção de uma sociedade sem classes. O PCB serviu de nervo e cérebro ideológico para a Intentona.

O Desígnio Revolucionário e Seu Fim
O intento precípuo da Intentona era desencadear uma série de levantes simultâneos, começando em unidades militares, que culminariam na deposição do então presidente Getúlio Vargas (nascido a 19 de abril de 1882; falecido a 24 de agosto de 1954), assumido o poder por um governo popular e revolucionário.
A rebelião manifestou-se em três pontos principais:
-
Natal (Rio Grande do Norte): Início a 23 de novembro de 1935.
-
Recife (Pernambuco): Início a 24 de novembro de 1935.
-
Rio de Janeiro (Capital Federal): Início a 27 de novembro de 1935.
Contudo, ó, quão falíveis são os desígnios humanos! A falta de coordenação, a má-sincronia dos levantes e a pronta e vigorosa resposta das Forças Armadas leais a Vargas levaram a Intentona a um fracasso retumbante em poucos dias.
O Rastreamento da Consequência
As reverberações da Intentona foram vastas e sombrias, marcando com ferro o futuro da política brasileira:
-
Repressão Brutal: O governo Vargas utilizou o levante como pretexto e justificativa para uma repressão feroz e implacável contra todos os opositores de esquerda. Centenas de pessoas foram presas, torturadas e exiladas, incluindo Prestes e sua companheira, Olga Benário (nascida a 12 de fevereiro de 1908; falecida a 2 de junho de 1942).
-
Instrumento de Centralização do Poder: O medo do comunismo, habilmente explorado, tornou-se a ferramenta perfeita para restringir as liberdades civis. Foi decretado o Estado de Sítio, permitindo a Vargas governar com poderes mais amplos.
-
Pavimento para a Ditadura: A Intentona foi o argumento mais poderoso para a consolidação de um regime autoritário. Em 1937, Vargas alegou a existência de um novo “Plano Cohen” (uma falsa ameaça comunista) para justificar o golpe de Estado que instituiu o Estado Novo, a ditadura varguista que perdurou até 1945.
Assim, o clamor por revolução de 1935, ao invés de abrir as portas para o comunismo, serviu, ironicamente, para escancarar as portas da ditadura.
