O filme de Walter Salles “Ainda estou aqui”, ganhador do Oscar “Melhor Filme Internacional” retratando o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a Ditadura Militar no Brasil, suscitou nova onda de grosseirinhas, ignorância, imbecilidades e negacionismo. Figuras políticas por meio da internet tentam lacrar afirmando que tudo não passa de “obra de ficção”, em outras palavras, “tudo mentira”.
O negacionismo oriundo dos extremistas de direita já era esperado. Acreditando serem conservadores, para os tais tudo no passado era bom, assim, a Ditadura era boa. Na cabeça dessa gente que já se imbecilizaram, os direitos políticos cassados, censura, fechamentos de Congresso e STF, prisões, prisões e torturas até de bebês e crianças, desaparecimentos e execuções, é tudo mentira. Mesmo os arquivos oficiais provando o contrário.
O caso Ana Lídia em 1973, ditadura em pleno vapor, menina de 7 anos, sequestrada, torturada e morta. Quandoo filho do Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, apareceu como suspeito, a ditadura emitiu ordem para a imprensa não falar mais no assunto. O processo terminou arquivado.
Em 1971, a casa de Paiva foi invadida, ele, levado por agentes para uma unidade militar e em seguida desapareceu. Ainda em 71, entre os dias 20 e 22 de janeiro, o deputado entrou para a lista dos mortos e desaparecidos políticos da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). Morto, três militares foram chamados para forjar uma “fuga” de Paiva em um ponto da estrada do Alto da Boa Vista, na zona norte do Rio. Em 2013, o general reformado Raymundo Ronaldo Campos confessou a farsa para a Comissão da Verdade do Rio de Janeiro.
O tenente-coronel Paulo Malhães, torturador e assassino confesso, em entrevistas aos jornais O Dia e O Globo, em 2014, contou ter feito, em 1973, a mando de Belham, uma operação para desenterrar o corpo de Rubens Paiva de um ponto da Praia do Recreio, na Zona Oeste do Rio. Em seguida, ocultou novamente os restos mortais. Morreu durante um assalto um mês depois das entrevistas. Os responsáveis pela morte de Rubens Paiva são, José Antônio Nogueira Belham, os coronéis reformados Raymundo Ronaldo Campos e Rubens Paim Sampaio e os sargentos e irmãos Júrandyr e Jacy Ochsendorf e Souza.
Mas, para os negacionistas tudo é mentira, obra de ficção, por essa razão se sentem livres para vomitarem suas imbecilidades na internet, como disse Humberto Eco “as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”, e os imbecis são muitos.
“Ainda estou aqui” é um pequeno retrato de um momento violento e nebuloso do passado do país, e, ao mesmo tempo, sinaliza que o Brasil ainda cultiva o autoritarismo e o golpismo amplamente divulgado pelos extremistas de direita que se regozijam na imbecilidade e no negacionismo.