O governo dos Estados Unidos intensificou sua política migratória com a inauguração de um novo centro de detenção chamado “Alcatraz Jacaré”, construído em tempo recorde nos pântanos dos Everglades, na Flórida. A instalação, que custou US$ 450 milhões e foi finalizada em apenas uma semana, tem capacidade para abrigar até 5.000 imigrantes em processo de deportação.
A escolha do local se deu por seu ambiente hostil, cercado por jacarés, pítons e terrenos alagadiços, servindo como uma “barreira natural” contra fugas, conforme declarou o governo da Flórida. Há apenas uma estrada de acesso, e a única saída possível para os detentos é a deportação via aérea.
Durante a inauguração, o presidente Donald Trump afirmou que o centro receberá “alguns dos maiores criminosos do mundo”, apesar de ser destinado a imigrantes sem documentação regular. Trump e seus aliados, como o governador da Flórida, Ron DeSantis, defendem que a construção faz parte de uma estratégia para expandir a infraestrutura de detenção, com a meta de elevar o número de vagas de 41 mil para 100 mil nos próximos meses. O objetivo seria viabilizar a maior campanha de deportação em massa da história dos EUA, segundo a Casa Branca.
Contudo, o projeto tem sido alvo de duras críticas por parte de organizações de direitos humanos e ambientalistas. As condições climáticas extremas da região — com calor intenso e riscos de furacões — preocupam ativistas, que denunciam a precariedade e a periculosidade do ambiente para os detentos. Ambientalistas apontam que a obra foi aprovada de forma emergencial por DeSantis, sem cumprir exigências legais como estudos de impacto ambiental e consultas públicas. Grupos como Friends of the Everglades e Center for Biological Diversity moveram ações judiciais contra a instalação.
Além das questões ambientais, o centro de detenção foi construído próximo às terras da tribo indígena Miccosukee. A líder comunitária e ambientalista Betty Osceola denunciou que a instalação está sendo erguida em território sagrado para seu povo, o que agrava ainda mais a polêmica envolvendo a obra.
Apesar de o governo alegar que não há moradores na região, a presença indígena e a falta de avaliação legal reforçam as críticas à medida, considerada por muitos uma violação de direitos humanos e ambientais.