Bares que contam histórias: A Casa Loriga e o legado arquitetônico de Belém

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Bares que contam histórias: A Casa Loriga e o legado arquitetônico de Belém
Fachada da Casa Loriga. Fonte: Studio BOHHO, 2021.

Na esquina da Travessa Ângelo Custódio com a Rua Veiga Cabral, no icônico bairro da Cidade Velha, a Casa Loriga (também conhecida como Villa Loriga), está prestes a ganhar uma nova vida. Isto porque os empresários Thiago Castanho (Chef) e Thiago Pelaes (Diretor e diretor de fotografia) assumiram a missão de ressignificar este espaço, sem uso há mais de dez anos, ao propor transformá-lo em GastroBar e estúdio de gravação. A escolha dos novos donos incluiu a parceria com o Studio BOHHO, dirigido pelos arquitetos Luiz Rabelo e Yuri Rebello, especialistas em edificações históricas.

Testemunha viva de uma rica história, a Villa Loriga, composta por sobrados que datam de 1916, conta uma narrativa que remonta a uma comunidade loriguense que encontrou abrigo em Belém. Este conjunto arquitetônico revela um elo tangível entre Belém e a vila de Loriga, situada no município de Seia, Portugal.

Os sobrados que compõem a Villa Loriga são expressões do estilo arquitetônico eclético, compostos por três fachadas, entre as quais destaca-se a da esquina como uma espécie da joia da coroa, pois abrigava uma antiga mercearia, a quais promovia uma certa dinâmica na comunidade local. Assim, ressalta-se a importância histórica e comercial que esse espaço desempenhou para o local.

As fotos antigas revelaram que as fachadas sofreram poucas alterações ao longo dos anos. Fato que nos remete a preservação da identidade do prédio. Por estar localizado dentro do limite de entorno do Centro Histórico, a preservação do bem está sob proteção à nível municipal, através da FUMBEL (Fundação Cultural do Município de Belém).

A proposta de ressignificação da Villa Loriga não é apenas uma transformação física; é uma porta aberta para uma reflexão sobre o papel fundamental que empreendimentos como este desempenham na dinâmica do Centro Histórico de Belém. Este projeto, ao trazer novos propósitos à antiga estrutura, injeta vida renovada nas ruas da histórica Cidade Velha. O ressurgimento de espaços antes adormecidos é, na verdade, um despertar para uma nova era de atividade e interação comunitária, sem descaracterizar a memória dos moradores da área.

Fachada antiga da Villa Loriga, foto datada de 1994. Fonte: Studio BOHHO.

Segundo os arquitetos do Studio BOHHO, a conservação da edificação:

“Constitui uma meta para os proprietários, que veem na Cidade Velha, uma possiblidade de empreender e contribuir para a revitalização do bairro, ocupando e dando novos usos aos imóveis, assim visam aliar o espaço de linguagem histórica tradicional ao empreendimento “Casa Loriga”.

Por esta razão, o projeto procurou manter ao máximo a identidade da edificação, trazendo elementos amazônicos no design de interiores do espaço, como a reutilização de madeiras de embarcação no mobiliário do futuro gastrobar. A reutilização de madeiras representa uma escolha estética, mas também indica um gesto simbólico que transcende o design, conectando o espaço ao seu entorno e à herança cultural local.

Proposta para o interior da Casa Loriga. Fonte: Studio BOHHO.

As obras de reforma e restauro já foram iniciadas e a Travessa Ângelo Custódio está prestes a testemunhar um pequeno elo entre o passado e o presente, à medida que a Casa Loriga se prepara para se reinventar. O GastroBar e estúdio de gravação prometem não apenas ser um novo ponto de encontro para os amantes da gastronomia amazônica, mas também um tributo à rica herança cultural da Cidade Velha.

Arquiteta e Urbanista pela UFPA, mestre em Patrimônio Cultural pelo PPGAU-UFPA e doutoranda na mesma instituição, pós-graduanda em Arquitetura de Interiores pela UNAMA. Pesquisadora junto ao Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural da UFPA.  

 

Créditos adicionais:

Fotos: Studio BOHHO, contato: (91) 99281-2122

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