Quem diria, Belém.
Logo tu, menina das águas, dos mercados com cheiro de tucupi e das manhãs acordadas a carimbó e suor, viraria manchete internacional. Capital mundial do brega. E com todas as honras.
Não é só título, é reconhecimento. É o mundo dizendo em alto e bom som: “Belém, nós te ouvimos!” E o que se ouve daqui não é pouca coisa. É Gaby gritando que é só luxo, é o teclado rasgando o coração, é a saudade dançando agarrada num salão lotado de brilhos e esperança. É o Jurunas batendo no peito e dizendo: “Aqui tem som!”
Porque o brega é mais do que um ritmo. É um gesto. É o pisca-pisca no bar da esquina. É o copo de cerveja na calçada com os vizinhos. É o coração partido que não se esconde — se canta. É o exagero que não pede desculpa. Aqui, o brega é patrimônio imaterial. A marcante é poesia urbana.
Aqui é Tony Brasil, Viviane Batidão, DJs Dinho, Djs Edilson e Edielson, Wanderley Andrade, Gang do Eletro, Hellen Patrícia, Banda Calypso e muitos outros.
Rebeca Lindsay diz que o brega vive na alma.
Valéria Paiva, com a voz de quem carrega quatro décadas de estrada,
declara o que já era claro pra nós:
“Pará é do norte, é do Brasil, é do mundo. Aceita, meu amor.”
E aceitamos, sim.
Ser capital mundial do brega é dizer pro mundo que chorar também é cultura, que dançar colado é política de afeto, que nosso som merece palco, merece respeito.
Então, sim, Belém. Coloca mais glitter nesse céu nublado prenunciando a tradicional chuva da tarde. Solta o playback. Puxa o caqueado. Hoje o mundo te aplaude — mas nós já sabíamos.
Sempre soubemos.