Muitas pessoas acreditam que o simples diagnóstico de uma doença é suficiente para garantir o direito a benefícios previdenciários, como o auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez. No entanto, a legislação brasileira faz uma distinção clara entre ter uma doença e estar incapacitado para o trabalho. Essa diferença é crucial para definir quem tem direito aos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e evitar frustrações ao solicitar esses direitos.
Doença e Incapacidade: Qual a Diferença?
Embora muitas doenças possam trazer limitações significativas, o que define o direito ao benefício previdenciário não é a existência da doença, mas sim o impacto dela na capacidade de trabalho do segurado.
Doença: É uma condição médica diagnosticada por um profissional de saúde, podendo ser temporária ou crônica. O simples fato de ter uma doença não garante, por si só, o direito a benefícios do INSS.
Incapacidade: É a impossibilidade de exercer a atividade profissional em razão dos sintomas e limitações causados pela doença. Para que o INSS conceda um benefício, o segurado deve comprovar que sua condição o impede de trabalhar total ou parcialmente. Por exemplo, um segurado diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode não ter direito automático a um benefício previdenciário. No entanto, se o autismo comprometer suas funções cognitivas, emocionais ou sociais a ponto de torná-lo incapaz para o trabalho, o benefício pode ser concedido.
Quais Benefícios o INSS Concede em Casos de Incapacidade?
Os principais benefícios previdenciários para segurados com incapacidade são:
Auxílio por Incapacidade Temporária (Antigo Auxílio-Doença)
Concedido quando a doença incapacita o segurado temporariamente para o trabalho.
O segurado deve comprovar, por meio de laudos médicos e perícia do INSS, que a condição o impede de exercer suas atividades profissionais por um período superior a 15 dias.
Aposentadoria por Incapacidade Permanente (Antiga Aposentadoria por Invalidez)
Destinada a segurados cuja incapacidade seja definitiva, sem possibilidade de reabilitação para outra função.
A concessão exige que a incapacidade seja total e permanente, impossibilitando o segurado de exercer qualquer atividade laboral.
Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas)
Diferente dos benefícios anteriores, o BPC não exige contribuição ao INSS, mas sim a comprovação de deficiência e condição de baixa renda.
Pessoas com autismo ou outras doenças podem ter direito ao BPC se conseguirem demonstrar que a condição limita sua participação social e autonomia, e que a renda familiar per capita é inferior a 1/4 do salário mínimo.
Como Comprovar a Incapacidade para o INSS?
A maior dificuldade ao solicitar um benefício previdenciário é comprovar que a doença causa incapacidade para o trabalho. Para isso, é essencial apresentar:
✔ Laudos médicos detalhados – Devem indicar a doença, seus sintomas, impactos funcionais e a impossibilidade de exercer atividades laborais.
✔ Exames complementares – Tomografias, ressonâncias, testes psicológicos ou qualquer outro exame que comprove a gravidade da condição.
✔ Relatórios de especialistas – Opiniões médicas de neurologistas, psiquiatras, ortopedistas ou outros especialistas da área da doença.
✔ Histórico de afastamentos médicos – Se o segurado já se afastou por períodos curtos, isso pode fortalecer a prova de incapacidade progressiva.
É importante lembrar que a perícia médica do INSS tem o poder de decidir sobre a concessão do benefício. Caso o benefício seja negado, é possível entrar com recurso administrativo ou ação judicial para contestar a decisão.
O Que Fazer em Caso de Negativa?
Infelizmente, muitas pessoas com doenças graves têm seus pedidos negados pelo INSS porque não conseguem comprovar a incapacidade laboral de forma adequada. Nesses casos, recomenda-se:
- Recorrer administrativamente – Solicitar a revisão do pedido dentro do próprio INSS, juntando demais laudos médicos.
- Ingressar com ação judicial – Quando o segurado tem um parecer médico que comprova a incapacidade, mas o INSS nega o benefício, a via judicial pode ser a melhor solução.
Ter um advogado especializado em Direito Previdenciário pode fazer toda a diferença, pois ele saberá quais provas são mais eficazes e como conduzir o processo para aumentar as chances de concessão do benefício.
Conclusão: Doença Não Garante Benefício, Incapacidade Sim
O simples fato de ter uma doença não dá direito automático a benefícios previdenciários. É essencial que o segurado demonstre, por meio de laudos e exames, que sua condição o incapacita parcial ou totalmente para o trabalho.
Se você ou um familiar enfrenta dificuldades para obter um benefício previdenciário por incapacidade, busque orientação profissional e conheça seus direitos. O acesso ao benefício pode ser um recurso fundamental para garantir dignidade e segurança financeira em momentos de vulnerabilidade.