Hoje me lembrei de uma história hilária que conheci no exercício da advocacia.
No início da minha carreira, defendi um homem acusado de, como diz aqui no Pará, “passar o sal” noutro homem, o que teria feito por encomenda.
Nesse caso, ele era inocente. Não havia dúvida disso. Contudo – como sói acontecer -, o Ministério Público resistia a aceitar esse fato e o denunciou como o executor da empreitada.
Interessante é que ele veio de outro estado para fazer o serviço. Só que ele foi preso antes. E assim se encontrava quando outra pessoa o executou.
Na cadeia, ele passou a frequentar as orações de um grupo de mulheres de uma congregação religiosa.
De boa aparência, ele seduziu uma “beata”.
Não demorou muito, ele passou a chamá-la de “minha esposa”. Emocionada, ela começou a se apresentar como esposa dele. Gostava de encher a boca: “o meu esposo”.
Eu saí do caso e Ele foi absolvido e solto.
Em determinado dia, encontrei na rua a “esposa” do homem, oportunidade em que perguntei por ele.
Grande foi a minha surpresa pela resposta. Ela me falou que, após sair do cárcere, ele ficou três dias na casa dela. Numa certa manhã, saiu para fazer um telefonema – na época, ligava do orelhão – para a mãe dele e… nunca mais voltou.
Noutras palavras: uma vez livre, o homem escafedeu-se.