O papel da comunidade discente da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) nos debates preparatórios para a COP30 levou a Fundação Perseu Abramo a realizar um debate nesta sexta-feira (9), em Belém. O encontro foi promovido em parceria com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), presidida pelo deputado Carlos Bordalo (PT).
“Escolhemos a UFRA por ser a mais antiga da Amazônia e por ter conhecimento profundo dos desafios ambientais locais e uma visão privilegiada sobre soluções sustentáveis necessárias”, explicou Naiara Torres, diretora da Perseu Abramo e graduada pela Ufra em Engenharia de Pesca. A jovem também é mestranda e doutora em Ecologia Aquática e servidora da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). No debate haviam estudantes da Ufra de Belém, Tomé-Açu, Capitão Poço e Capanema.
Para o deputado Carlos Bordalo (PT), a COP30 é um grande desafio para os povos da Amazônia. O parlamentar saudou a todos em nome do Poder Legislativo e do presidente Chicão, e disse que o desmatamento na Amazônia, particularmente no Pará, é uma preocupação séria. Bordalo acredita que os impactos ambientais são devastadores para a biodiversidade, ao clima global e até nas comunidades locais.
De Brasília, por teleconferência, Olmo Borges Xavier apresentou um quadro de como está sendo feito o planejamento e realizada a estruturação da cidade para o evento. O diretor de projetos e responsável pelas obras de infraestrutura de estruturação de Belém para receber a COP30 é da Secretaria Especial da Presidência da República, e destacou a liberação de recursos para obras de infraestrutura a partir dos pedidos do prefeito Edmilson Rodrigues e do governador Helder Barbalho.
Olmo informou ainda sobre como está sendo equacionada a situação da hospedagem em Belém, com uso de dois navios cruzeiros para a geração de 3.500 quartos de alto nível e do estímulo à adesão do aluguel de temporada. “Em Belém, já houve um aporte de mais de 500 milhões de reais para as parcerias com a prefeitura”, disse. Na avaliação de Xavier, Belém no período pós-COP30 estará em outro patamar de desenvolvimento socioeconômico, sobretudo nas áreas do turismo e da bioeconomia.
Para o representante do governo federal, o foco da COP30 em Belém será para discutir a crise das Mudanças Climáticas no mundo. “Não vai discutir em específico cidades, desmatamento, queimadas, floresta, mas vai sim, discutir tudo isso no âmbito das mudanças climáticas”, pontuou Olmo.
A professora Edilza Fontes, secretária adjunta da Secretária de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SeirDH), informou que a COP30 vai trazer delegações do mundo todo, e presidentes e chefes de Estado vão produzir um documento para abordar maneiras para o não aprofundamento da crise climática no mundo que poderá a levar a consequências muito mais graves. “Não é sobre o Brasil, nem sobre a Amazônia e muito menos sobre Belém é sobre o mundo, sobre a existência humana”.
No entanto, para a professora, ao discutir a crise do clima irá se discutir a Amazônia. “Ainda somos uma área de reserva para o mundo, que pode conter a crise climática”. Ela ainda abordou o legado em termos de projetos de soluções e abordagens que a COP30 vai deixar, para o país e para o mundo.
Do ponto de vista institucional, Fontes anunciou que em breve o Executivo enviará ao Poder Legislativo estadual dois projetos: o projeto Bio (Bio-Economia do Pará), envolvendo várias cadeias produtivas e remodelando a economia do Estado quanto à Biodiversidade; e o que dispõe sobre o ingresso do Estado no REDD+, que possibilita o Pará negociar créditos de carbono certificados e que podem ser comercializados – o que representa certa quantidade de gases de efeito estufa (GEE) medida em tonelada de CO2 que deixou de ser emitida ou foi removida da atmosfera.
Já João Claudio Arroyo, secretário de planejamento e gestão da prefeitura municipal e Coordenador da COP30 em Belém, o principal desafio da capital é de afirmar sua identidade como cidade e como urbanidade amazônida. “Estamos construindo um legado de infraestrutura de 400 milhões de investimentos em obras para antes, durante e depois da COP”.
Para ele, no entanto, o principal é o legado da identidade cultural e econômica. “É preciso dar valor ao que é peculiar, nossa comida, frutas, nossa arquitetura e riquezas naturais e paisagísticas, assumindo o que somos e que temos, valorizando e internalizando nossas riquezas”, disse. Quanto ao legado físico, citou as obras em andamento da Macrodrenagem do Canal do Mata Fome, a revitalização do Complexo do Ver-o-Peso e do Mercado de São Brás.
Reportagem: Carlos Boução- AID - Comunicação Social Edição: Natália Mello - AID - Comunicação Social