Ex-presidente começará a cumprir pena em quarto de 12 metros quadrados em delegacia de polícia em Brasília após expirar o prazo para recursos.
O complô – que envolvia um plano para assassinar Lula e seu vice, Geraldo Alckmin – fracassou depois que chefes militares se recusaram a participar, e o tribunal posteriormente condenou Bolsonaro e seis cúmplices por tentarem “aniquilar” a democracia brasileira e mergulhar o país de volta à ditadura.
Na terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que Bolsonaro deve começar a cumprir sua pena após o encerramento formal do processo, depois do prazo para recursos. Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto e foi detido preventivamente no sábado, após tentar, sem sucesso, cortar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda.
Mustafa Baba-Aissa, dono de uma loja de discos no Rio de Janeiro, marcou a ocasião histórica decorando a fachada com uma faixa branca que anunciava: “Bolsonaro está na cadeia!”
“Ele é um homem desprezível que não fez nada da vida além de viver às custas do dinheiro público… Não tenho ideia de como ele foi eleito”, disse o dono da loja, que cobriu as vitrines com cartazes feitos em casa comemorando a queda de Bolsonaro.
Os apoiadores de Bolsonaro condenaram a prisão de seu líder, um paraquedista que se tornou político, foi eleito em 2018 e se apresentou como a resposta sul-americana a Donald Trump.
“Ele foi sequestrado”, lamentou Ronny de Souza, um ativista de Bolsonaro de 43 anos, enquanto estava em frente à base da Polícia Federal, para onde o político foi levado no último fim de semana, após ser preso sob suspeita de que tentaria fugir para uma embaixada estrangeira.
Lenildo Mendes dos Santos Sertão, um político da Amazônia que usa o apelido de Delegado Caveira, afirmou que seu aliado foi vítima de uma perseguição política. “Ele lutou contra o sistema e agora o sistema o prendeu injusta e ilegalmente”, disse Sertão.
Os bolsistaristas prometeram continuar a luta, mesmo com o líder do movimento na prisão e fora da política. “Ele representa milhões de pessoas em nosso país”, disse Souza, prevendo que um grande número de seguidores iria a Brasília para protestar contra a situação de Bolsonaro.
Especialistas afirmam que a influência do ex-presidente diminuiu drasticamente nos últimos meses, principalmente após a prisão de Bolsonaro por adulteração de sua tornozeleira eletrônica.
Nem todos os conspiradores pró-Bolsonaro condenados pelo golpe puderam ser presos na terça-feira. Ramagem, ex-chefe da Agência Binal de Inteligência (ABI), fugiu recentemente do país, apesar de ter tido seu passaporte cancelado.
“Estou seguro nos EUA”, anunciou Ramagem em um vídeo nas redes sociais na segunda-feira, incitando os bolsistaristas a irem às ruas para defender “nosso maior líder”.
Na tarde de terça-feira, quando os conspiradores começaram a cumprir suas penas, não havia nenhum sinal imediato de que os cidadãos atenderiam ao seu apelo.
Fonte: The Guardian / Tom Phillips em Brasília
