A Cabanagem ou a Guerra dos Cabanos foi uma revolta popular, na província do Grão-Pará, iniciada em 6 de janeiro de 1835, quando a sede governamental, localizada em Belém do Pará, foi tomada pelos revoltosos e foi instituído um novo presidente, o militar Félix Clemente Malcher. A cabanagem foi, sem dúvida,a única revolta popular onde os revoltosos assumiram o Poder Político e a gestão da Província.
Naquela época, a Província do Grão Pará era comumente chamada de Pará, que no tupi-guarani era rio-mar ou rio grande. Foi uma unidade administrativa do final do período colonial e do período imperial brasileiro, originada das capitanias do Grão Pará e do Rio Negro, que existiu de 1821 a 1889. Os portugueses inicialmente chamaram o território de “Terra de Feliz Lusitânia”, logo substituído por Grão-Pará já no Império, e se tornar apenas Pará no ano de 1889.
O movimento Cabano envolveu diferentes setores da sociedade – a elite formada por fazendeiros e comerciantes que tinham o interesse de garantir o poder político da província e assegurar seus interesses, que acreditavam ameaçados desde a Independência, e a população pobre que se rebelara contra a violência e as condições de trabalho, que muitas vezes os submetiam a condições semelhantes à escravidão.
Fases da Cabanagem
A revolta se estendeu até 1840. Após a presidência de Malcher, que teve uma gestão breve, marcada por divergências internas, levando inclusive sua deposição e posterior execução pelos próprios cabanos. A revolta produziu ainda mais dois presidentes cabanos, atravessados e com muitas pelejas com as tropas imperiais.
Francisco Vinagre assumiu o controle após Malcher, mas sua liderança também foi curta devido a conflitos internos e descontentamentos. Em julho de 1835, o então presidente da província recém-conquistada, aceita sua rendição mediante a anistia geral dos revolucionários e por melhores condições de vida para a população carente. Contudo, é traído e preso.
O seu irmão Antônio Vinagre, inconformado, reorganiza as forças militares da Cabanagem e ataca o Palácio de Belém, conquistando-o novamente em 14 de agosto de 1835, tendo Eduardo Angelim sido feito presidente de um governo republicano independente. Angelim talvez tenha sido o mais conhecido dos líderes cabanos, destacou-se por sua persistência e resistência, mesmo frente às adversidades e à intensa repressão imperial.
Fim da revolta
As intensas divergências entre as lideranças do movimento enfraquecerem os revoltosos, favorecendo os contra-ataques imperiais. Foi então que, em 1836, a mando do regente Feijó, o Brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréa, ordena o bombardeio à Belém e aos assentamentos da Cabanagem.
E foi desse modo, com a ajuda de mercenários estrangeiros e soldados imperiais, que a revolta foi sufocada. Eduardo Angelim foi capturado e enviado ao Rio de Janeiro. Por fim, em 1840, a maioria dos revoltosos já havia se dispersado ou tinham sido presos e mortos, devido às perseguições, que seguiram mesmo após 1836. E com a ascensão de Dom Pedro II ao trono, em 1840, os prisioneiros foram anistiados.
Palácio Cabanagem, sede do Poder Legislativo do Pará
A sede atual do Poder Legislativo do Estado do Pará foi inaugurada no dia 30 de novembro de 1970, quando era Presidente na qualidade de Vice-Governador do Estado o Dr. João Renato Franco. O prédio foi construído com recursos do Poder Executivo Estadual, no primeiro governo do Tenente Coronel Alacid da Silva Nunes (1966-1971).
A denominação Palácio Cabanagem decorreu de uma emenda substitutiva do deputado Carlos Vinagre (MDB) ao Projeto de Resolução de iniciativa do deputado Lauro Sabbá (ARENA) que pretendia denominar a sede do parlamento paraense de Palácio Ruy Barbosa.
Cabanagem, Belém, a cidade que pegou fogo
No Palácio Cabanagem existe um grande painel em homenagem à Revolta da Cabanagem, obra feita em 1974 pelo pintor Benedicto Mello (1925-2004) para decorar o plenário Newton Miranda, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA). Essa obra de arte foi solicitada pelo deputado Gerson Peres (ARENA), então presidente do Poder Legislativo Estadual. De acordo com o pintor, a tela representa a Belém Cabana, a cidade que pegou fogo, na definição do pintor.
Reportagem: Carlos Boução- AID – Comunicação Social
Edição: Dina Santos- AID – Comunicação Social
Fonte: Alepa