Recentemente, uma jovem ribeirinha me contou que nunca ouviu falar em COP 30. “É alguma coisa de fora, né?”, perguntou, envergonhada.
Eu respondi que sim. É de fora. Mas deveria ser dela.
A região do Tapajós guarda uma das maiores riquezas naturais do planeta. Mas também guarda histórias de abandono, promessas esquecidas e vidas invisíveis. Como pode uma floresta tão viva ser tratada como um cenário distante por quem decide o futuro do clima?
A COP 30 será em Belém, mas o clima não mora nos salões climatizados. Mora na lama do igarapé, no feijão da agricultora familiar de Rurópolis, na produção de cacau e banana, no barco do pescador que sente a água esquentar ano após ano.
Muitos falam sobre carbono, metas e mercado. Poucos falam sobre escuta. Escutar o Tapajós, suas comunidades, seus povos tradicionais, suas dores e saberes, é o mínimo.
A política climática não pode ser só técnica. Precisa ser justa. Precisa incluir quem vive a floresta, quem planta sem destruir, quem resiste sem aplausos.
A Amazônia não é um problema global. É uma solução local que o mundo precisa aprender a respeitar.
E se a COP 30 quiser realmente marcar história, que comece ouvindo os silêncios da floresta.