Belém fará aniversário no meio do pitiú

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O problema de lixo em Belém ainda é visível em vários bairros da cidade. Espalhado em beiras de canais, nas esquinas de ruas ou nas principais vias da capital, a maior parte do entulho é doméstica. Segundo a população, a falha na coleta seletiva é o motivo para tanta sujeira e mau cheiro, justamente às vésperas do seu aniversário de 403 anos.

“A cidade está imunda! Nossas crianças não podem brincar na frente de casa. Para comprar pão de manhã cedo, as pessoas precisam desviar desse lixão. Está horrível”, reclama Waldecy da Costa, 59, vendedor de peixe. Ele mora em frente ao canal Água Cristal, no bairro da Marambaia. Entre as passagens Haroldo Veloso e Nossa Senhora das Graças, a maior parte do lixo acumulado é oriundo de residências. “Isso não era assim, o carro do lixo passava toda terça, quinta e sábado. Agora, tem mais de 15 dias que não vem”, denuncia.

Antes do Natal passado, a população já reclamava da falta de coleta seletiva de lixo em vários bairros. Houve protesto de moradores e até paralisação de funcionários de duas das três empresas que prestam serviço de coleta. Eles alegavam que não recebiam o repasse da Prefeitura há meses.

Na época em que o DIÁRIO divulgou o drama dos moradores, uma das empresas que prestam serviço à Prefeitura de Belém chegou afirmar que a dívida girava em torno de R$ 15 milhões por cinco meses de atraso.

A empresa BA Meio Ambiente é responsável por 50% da coleta de resíduos sólidos da cidade, abrangendo 33 bairros e os Distritos de Icoaraci e Outeiro, além de três ilhas. De acordo com a assessoria de comunicação da empresa, a Prefeitura prometeu pagar o que deve amanhã.

Enquanto não há, de fato, uma solução, a aposentada Ilnar Souza, 60, se revolta. “Esse lixo podre atrai moscas, rato e um mau cheiro terrível para dentro de casa. Não se pode abrir a janela. A caixa onde depositávamos o lixo transbordou. E quando chove a situação piora”, diz a moradora da Marambaia.

A reportagem também percorreu outros pontos da cidade, como os bairros da Sacramenta, Marco e Telégrafo, e se deparou com o mesmo cenário: o lixo tomando conta até mesmo das principais ruas e avenidas. É possível encontrar desde o lixo doméstico a pneus, animais mortos, carcaça de eletrodomésticos e vaso sanitário.

No bairro da Pedreira, por exemplo, onde o fluxo de pessoas e veículos é intenso devido a concentração do comércio variado, a população se depara com várias esquinas com sacos de lixo, caixas de madeira, entulho e resto de comida.

Na travessa Estrella, entre as avenidas Pedro Miranda e Antônio Everdosa, o eletricista Celso Nascimento, 49, denuncia que a coleta tem falhado constantemente. Segundo ele, desde o último sábado (5) os resíduos dos moradores não são retirados. “Aí junta o lixo domiciliar com o entulho, o lixeiro não quer levar. E quem vai fazer isso? As crianças não têm mais espaço para brincar. Isso dá barata, rato, sem falar no odor”, reclama.

No mesmo bairro, na Antônio Everdosa, moradores se uniram, fizeram coleta e tiveram de pagar para que o lixo acumulado na esquina da travessa Mauriti e ao longo do canteiro central naquele trecho fosse retirado. “A Prefeitura custa a passar, então fomos incentivando os vizinhos e pagamos para limpar e capinar. Senão, ia ficar um lixão”, afirma Alessandra Borges, 44, técnica em radiologia.

Em nota, a Prefeitura de Belém esclarece que “diversos roteiros que estavam com folha de coleta já foram normalizados. A empresa contratada continua sendo notificada sempre que é identificada falha na prestação de serviço”.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)

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