A pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo divulgada ontem revela um cenário eleitoral praticamente intacto desde a última sondagem realizada pelo mesmo instituto em junho. A candidatura Bolsonaro continua a resistir incólume às tentativas de avanço dos adversários.
Foi mínima a queda na quantidada de eleitores indefinidos no cenário mais provável, sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cédula – eram 41% em junho, são 38% agora. É um contingente suficiente para fazer a eleição virar para qualquer lado até 7 de outubro.
Os votos indefinidos continuam concentrados nos mesmos estratos sociais, entre os eleitores de renda mais baixa e menor escolaridade, faixa em que chegam a 49%. Essa é a parcela que reúne o maior contingente eleitoral no país, com mais de 67 milhões de eleitores.
Como metade ainda não sabe em quem votar, eles representam, a menos de dois meses da eleição, entre três quintos e dois terços dos 56 milhões de votos indefinidos. É para esse eleitor, que escolheu Lula e o PT de modo maciço nas últimas três eleições, que se voltará a campanha no rádio e na TV, que começa no fim do mês.
Bolsonaro lidera no cenário mais provável, mas apresenta maior rejeição que os demais, 37%. Entre as mulheres, subiu de 9% para 13%, mesmo assim é um patamar distante dos 20% que registra em todo o eleitorado.
Tambem cresceu entre aqueles com renda até 1 salário mínimo (de 8% para 12%), entre quem ganha de 1 a 2 salários mínimos (de 15% para 18%). Foi de 9% para 10% entre eleitores com até 4ª série do ensino fundamental e de 15% para 18% entre aquele com até 8ª série. No Nordeste, subiu de 10% para 13%, mas ainda perde de Marina Silva quando o nome de Lula não é apresentado.
No cômputo geral, Bolsonaro aos poucos começa a ganhar espaço na fatia da sociedade onde se concentra o grosso dos votos indefinidos. Mas e a partir do momento em que Lula sair do páreo e Haddad for decretado oficialmente o candidato petista, como reagirá esse eleitor? Que efeito terá a propaganda eleitoral? E as redes sociais?
O candidato em maiores apuros continua a ser Geraldo Alckmin. Ele sabe que precisa tirar votos de Bolsonaro para crescer. Mas o eleitorado bolsonarista é o mais fiel, fato constatado pela diferença pequena entre os resultados da pesquisa espontânea (15%) para a estimulada (20%) .
Para fazer alguém mudar de voto, a campanha de Alckmin precisará atacar Bolsonaro. Agressividade é uma estratégia que pode se voltar contra o próprio tucano, personalidade pouco afeita ao conflito. No último debate televisivo, ele evitou o confronto, a cargo de Marina Silva. Nada garante que leve a melhor num embate com Bolsonaro, que dispõe de legiões de fãs a construir narrativas nas redes sociais.
A maioria dos cientistas políticos previu e continua a prever o desmoronamento da candidatura Bolsonaro. Até agora, temos visto o contrário. Ele mantém seu eleitor mais fiel e, aos poucos, começa a avançar sobre os ex-lulistas de baixa renda e baixo grau de instrução de que precisa para vencer.
G1