O assassinato de uma jovem de Ipatinga (MG), encontrada morta em uma mala, tem causado grande comoção na comunidade brasileira em Portugal. O companheiro da vítima, também brasileiro, é o principal suspeito do crime. Ele foi detido e, segundo a polícia, preparava-se para fugir do país.
Camila da Silva Mendes, 30, foi assassinada a facadas na última quarta-feira (2). O corpo foi encontrado próximo à casa que ela dividia com o namorado na pequena cidade de Arruda dos Vinhos, distante cerca de 40 km de Lisboa.
A jovem vivia em Portugal havia menos de dois meses. Segundo relatos da família nas redes sociais, ela teria se mudado para a Europa para viver com o namorado, que também é seu primo de primeiro grau, Robson Claudio Mandela, 38.
Os dois iniciaram o relacionamento após uma viagem de Robson ao Brasil, em maio.
Em entrevista ao programa Portugal no Ar, o irmão de Camila, Werleis da Silva Marques, afirmou que a irmã relatou ter sido vítima de violência doméstica do companheiro, que seria muito ciumento. A família diz também que ele teria problemas com álcool
A família tenta agora angariar recursos para o traslado do corpo ao Brasil, que tem custo estimado em cerca de R$ 30 mil.
O consulado do Brasil em Lisboa está em contato com os familiares, mas as despesas do transporte de brasileiros mortos no exterior não são custeadas pelo Itamaraty.
Segundo a Polícia Judiciária, responsável pela investigação, o suspeito, “possivelmente motivado por questões de natureza passional”, assassinou Camila no quarto alugado que dividiam na cidade de Arruda dos Vinhos. No momento do crime, eles estariam sozinhos na residência.
Robson teria então colocado o corpo da namorada em uma mala de viagem, que foi abandonada não muito longe do local do crime.
A presença da mala de viagem abandonada, enrolada com várias faixas de fita adesiva, chamou a atenção dos moradores, que chamaram a polícia.
O suspeito foi detido na quinta-feira (3), em uma zona de vegetação densa próximo ao local do crime. Segundo a polícia portuguesa, Robson estava abandonando a casa, “presumivelmente para se ausentar para o estrangeiro”.
Ele se encontra detido e deve ser apresentado em breve à Justiça.
Nas últimas duas semanas, casos de violência doméstica e de feminicídio têm chamado a atenção em Portugal. Além de Camila, outras duas mulheres foram assassinadas pelos companheiros.
Em abril, uma outra imigrante brasileira também foi assassinada pelo companheiro.
Ainda não há estatísticas oficiais, mas um levantamento do jornal Público indica que houve pelo menos 29 feminicídios no país em 2019.
Dados do Rasi (Relatório Anual de Segurança Interna) de 2018 indicam que, dos 110 homicídios intencionais ocorridos em Portugal, 39 foram em contexto de violência doméstica.
Fonte: DOL