Ministro disse que Febraban era balcão de lobby e financiava estudo para furar o teto de gastos
Via jornal O Globo
BRASÍLIA – O Estudo que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está ajudando a financiar para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) não tem objetivo de furar o teto do gasto público, como disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência no Congresso na quinta-feira.
Ao contrário, a estratégia é criar condições para atrair o setor privado a fim de suprir a falta de capacidade de investimentos do governo federal, de acordo com documento ao qual O GLOBO teve acesso.
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Executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o projeto tem duração de dois anos e vai custar R$ 20 milhões, a partir de doações e patrocínios de empresas privadas e estatais não dependentes do Tesouro Nacional.
A estratégia é elaborar um plano para estimular a economia no período pós-pandemia, principalmente com ações no setor de infraestrutura, de curto, médio e longo prazo.
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O projeto tem como escopo uma carteira de 20 mil obras do MDR, incluindo paralisadas, em execução e projetadas, bem como o comportamento das cadeias produtivas envolvidas. Será elaborado diagnóstico sobre o que precisa ser feito em termos de mudanças de normas para melhorar o ambiente de negócios “que permitam o desembarque do Estado, dando espaço para a iniciativa privada”.
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Outros dois Ministérios, da Agricultura e de Ciência e Tecnologia também farão parte do trabalho na integração de projetos interligados.
“Não se trata apenas de realizar investimentos, mas sim de realizá-los dentro de uma estratégia de retomada de empregos e geração de renda no curto prazo, enfrentar e enfrentar gargalos históricos, como aqueles que afetam a saúde da população, como saneamento básico, segurança hídrica, mobilidade urbana e moradia, agir nas áreas com potencial de estímulo a múltiplos setores”, diz o documento que trata do projeto.
O estudo afirma ainda a recuperação da economia não será imediata, conforme tem declarado Guedes. Destaca que as medidas adotadas no enfrentamento da pandemia para preservar a renda das famílias e manter as empresas vivas não serão suficientes para sustentar a economia porque “são medidas de curto prazo, de remediação” e, que será preciso uma ação mais firme por parte do Estado.
São citadas no documento a projeção de queda da economia brasileira de 5,3% neste ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e salto da taxa do desemprego para 25,5%, de acordo com estimativas de alguns analistas.
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“Trata-se então de uma crise econômica, social e de desesperança, caso nada seja feito para reverter rapidamente esse quadro”.
De acordo com o documento, a cada R$ 1 milhão investido em construção civil são gerados 15 empregos diretos e oito indiretos. A política de moradia é uma das atribuições do MDR.
O estudo cita como risco, o político, como revisões na estrutura dos ministérios e troca de dirigentes. E alerta, ainda, para o risco financeiro, diante da atual conjuntura econômica.
Fonte: O Globo