Floriano Vieira Peixoto, meu conterrâneo por sinal, nasceu no Engenho de Riacho Grande, em Ipioca, Maceió, em 30 de abril de 1839. Primeiro vice-presidente da história do Brasil, o primeiro mandato presidencial foi de Marechal Deodoro da Fonseca, anos de 1889 a 1891, que compreende dois períodos, o Provisório e o Constitucional.
- Nas palavras do historiador Rodrigo Vizeu, Floriano era “Brutal e Popular“, e com ele de certa forma se desenvolve o fenômeno chamado “culto a personalidade‘ na política brasileira.
No exército fora segundo-tenente, capitão, tenente-coronel, general-de-brigadas, ajudante-general do Exército, já como marechal-de-campo (equivalente a general-de-divisão).
No ato da Proclamação da República ficou ao lado dos golpistas para destronar Dom Pedro II e dar fim a monarquia. Quando interpelado pelo visconde de Ouro Preto, então primeiro-ministro, se Floriano iria reagir ao golpe usando como tese que a situação atual era mais importante que a Guerra do Paraguai, Peixoto respondeu “Mas lá tínhamos pela frente inimigos, e aqui somos todos brasileiros“. Peixoto no governo provisório tornou-se Ministro da Guerra.
Floriano Peixoto teve participação importante nos episódios das revoltas de Tuiuti, Itororó, Lomas Valentinas e Angostura.
Político
Na política, embora não tenha tido formação para tal, ele foi pragmático, brutal e conseguiu popularidade. Assumiu a presidência com a renúncia de Marechal Deodoro após 11 meses de mandato, de 26 de fevereiro de 1891 a 23 de novembro de 1891. Pela Constituição em vigor, a de 1891, deveria haver nova eleição em caso de vacância em menos de dois anos de mandato. Mas Floriano usou toda sua influência e conseguiu mudar o entendimento de seus pares dizendo que tal regra era válida somente para mandatos futuros.
O segundo presidente do Brasil, uma vez no comando, Floriano, afastou todos os governadores nomeados por Deodoro, demitiu comandantes do Exército e da Marinha por defenderem, simplesmente, o cumprimento da Constituição. O presidente mandou reformá-los.
Nas revoltas, da Armada (1893-1894) com apoio americano venceu o grupo que desejava a renúncia do presidente, vale lembrar que o Rio de Janeiro foi bombardeado e sitiado, porém, vitória de Floriano. A outra revolta, a Federalista (1893 e 1895), motivada por problemas de políticas internas dos gaúchos que buscavam o controle do Rio Grande do Sul, e descentralização para os estados, fora violentamente debelada. Em Desterro, capital de Santa Catarina, foco de resistência, da revolta, 185 federalistas foram executados. E consequentemente a cidade foi rebatizada em 1894 com o nome de “Florianópolis” que significa “Cidade de Floriano“.
As vitórias de Floriano, a forma dura e violenta, lhe rendeu o título de “Marechal de Ferro”.
Em seu mandato, opositores foram presos, desterrados e deportados. Ameaçou o STF (Supremo Tribunal Federal) quando Rui Barbosa solicitou Habeas corpus em favor de opositores. Sem nenhuma cerimônia, Floriano afirmou “Não sei amanhã quem dará habeas corpus aos ministros do supremo“, os magistrados disseram NÃO, ao pedido de Rui, que se exilou na Inglaterra.
Jornais foram fechados como o “Jornal do Brasil“, o editor do periódico “A Cidade do Rio” o abolicionista José do Patrocínio por ordem de Floriano é deportado para o Amazonas. Direitos dos cidadãos violados, nenhum apreço as leis e a democracia. Nem precisa dizer que era, autoritário de marca maior.
Fim do governo
O estilo de Floriano Peixoto levava a crer que ele tentaria se perpetuar no poder, conseguiu boa aliança com a elite agrária paulista, reabriu o Congresso que havia sido fechado por Marechal Deodoro, em 3 de novembro de 1891, o gesto fortaleceu sua aliança com os civis. Como diz os historiadores, o formato de governo implantado por Floriano, aliança civil-militar, serviu em outros momentos para dar as caras na história do país.
Em 15 de novembro de 1894, para surpresa de todos, mas com mandato concluído, deixou o poder, porém não entregou o cargo para seu sucessor, Prudente de Morais, pois abandonou o Palácio do Itamaraty a alguns auxiliares.
Morreu aos 57 anos, em 29 de junho de 1895, sete meses depois do término de seu mandato, vítima da tuberculose, em Ribeirão ou Estação da Divisa, que passou a se chamar Floriano, distrito de Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro.
O legado
Floriano Peixoto compreende o período conhecido como República da Espada, anos de 1889 a 1894, que cobre os mandatos de Deodoro e do próprio Floriano, marcado pelo autoritarismo em sua “tirania doméstica” nas palavras de Lima Barreto, em O Triste Fim de Policarpo Quaresma. Chamado “Tabaréu das Alagoas” por Jorge Amado (incrível), não tinha a mínima empatia pela vida de ninguém, fez o que achou necessário para se manter no poder (prendeu, mandou matar, desterrou, deportou, ameaçou), e soube fazer alianças para se manter no poder, no caso com o PRP (Partido Republicano Paulista), formado pela elite.
Em seus dias o país vivia um momento político tenso, crises políticas com divisão entre republicanos. No setor militar a Marinha desejava mais espaço, já o Exército estava no poder desde 1889. Conturbado com revoltas. Porém, Floriano Peixoto conseguiu consolidar a República, sendo chamado de “Consolidador da República”, não conseguiu eleger um sucessor, mas deixou péssimo exemplo como legado, e o culto a personalidade bem fundamentado no país, mesmo com esse perfil autoritário.
Prudente de Morais, cafeicultor paulista, será o primeiro presidente civil da história do Brasil, com o apoio da elite agrária de São Paulo, o país agora viveria uma nova política, uma nova fase, conhecida como “Café com leite” com predominância da elite paulista e mineira, que norteou o restante da República Velha.
Obras Consultadas:
- A República, e a História dos Presidentes do Brasil. Souza, Worney Almeida de. Discovery Publicações.
- Guia Politicamente Incorreto dos Presidentes do Brasil. Schmidt, Paulo. Editora Leya, 2016.
- Os Presidentes. Vizeu, Rodrigues. Editora Harper Collins Brasil, 2019.
- Constituição Brasileira. Politize, 15 de março de 2017.