Henry Kissinger, que foi Secretário de Estado dos EUA (1973–1977) e Conselheiro de Segurança Nacional (1969–1975) durante os governos de Richard Nixon e Gerald Ford, teve um papel significativo nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil durante a ditadura militar (1964–1985). Sua postura em relação ao regime militar brasileiro refletia a política externa dos EUA durante a Guerra Fria, que priorizava o alinhamento com governos anticomunistas, mesmo que autoritários.
Principais aspectos da relação de Kissinger com a ditadura militar no Brasil:
1. Apoio à Ditadura desde o Golpe de 1964:
– Os EUA apoiaram o golpe que derrubou João Goulart em 1964, vendo seu governo como uma possível ameaça de viés esquerdista. Kissinger, mais tarde, endossou essa política de contenção ao comunismo na América Latina.
– O regime militar brasileiro recebeu apoio político, militar e econômico dos EUA, incluindo treinamento de oficiais brasileiros em técnicas de contrainsurgência.
2. Kissinger e o Governo Geisel (1974–1979):
– Durante o governo do general Ernesto Geisel, o Brasil buscava maior autonomia na política externa (como o reconhecimento de governos socialistas na África), o que gerou atritos com os EUA.
– Kissinger, no entanto, manteve relações pragmáticas com o regime, evitando críticas públicas às violações de direitos humanos, em linha com a política de *Realpolitik* que ele defendia.
3. Direitos Humanos e Repressão:
– Documentos desclassificados mostram que Kissinger estava ciente da repressão no Brasil, incluindo tortura e execuções, mas priorizou os interesses estratégicos dos EUA, como o alinhamento do Brasil contra a influência soviética.
– Em 1976, o governo Ford (com Kissinger como Secretário de Estado) pressionou discretamente o Brasil em relação aos direitos humanos, mas sem rupturas.
4. Legado Controverso:
– Kissinger é criticado por ter apoiado ou ignorado violações de direitos humanos em nome da estabilidade política e do anticomunismo.
– Seu pragmatismo em relação ao Brasil refletia uma postura mais ampla de apoio a ditaduras na América Latina (como Chile, Argentina e Uruguai).
Conclusão:
Kissinger via o Brasil como um aliado estratégico durante a Guerra Fria e, embora soubesse da natureza repressiva do regime, optou por não confrontá-lo abertamente. Sua abordagem ilustra como os interesses geopolíticos dos EUA frequentemente se sobrepuseram a preocupações com democracia e direitos humanos durante aquele período.