Igreja de Santo Alexandre: do colégio ao Museu do Arte Sacra

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Igreja de Santo Alexandre: do colégio ao Museu do Arte Sacra
Uma das obras do Museu de Arte Sacra do Pará / Foto: Reprodução

A Igreja de Santo Alexandre, integrante do Complexo Feliz Lusitânia, é uma joia arquitetônica que teve suas origens traçadas ainda no século XVII, quando teve início sua construção com a uso de mão de obra indígena. Juntamente ao Colégio de Santo Alexandre, desempenhou o papel de sede da Companhia de Jesus até 1759, quando, após a expulsão dos jesuítas, foi transformada no imponente Palácio Episcopal.

Caracterizada pelo esplendor da arquitetura em grande parte barroca, a igreja é um testemunho visual da influência artística prevalente na época. Localizada na cidade de Belém do Pará, a edificação é agora uma parte integrante do Museu de Arte Sacra do Pará, antigo Colégio Jesuíta de Santo Alexandre. Este museu inaugurado em 28 de setembro de 1998, abriga um acervo precioso, composto por aproximadamente 400 peças, que incluem pinturas, esculturas, pratarias e diversos objetos litúrgicos, é proveniente principalmente da Arquidiocese de Belém, estando em comodato sob a guarda do MAS.

Uma das obras do Museu de Arte Sacra do Pará / Foto: Reprodução

O Museu de Arte Sacra de Belém, possui uma das melhores galerias da cidade para exposições fotográficas, a galeria Fidanza. É talvez um dos poucos museus sustentáveis aqui em Belém, além do grande fluxo de visitação, a igreja pode ser alugada para casamentos, e outros eventos. Existe um charmoso e confortável café em seu piso térreo, climatizado e com ótimos petiscos, o espaço conta com um auditório para cerca de 40 lugares.

Na sala inicial consta um breve histórico das principais ordens religiosas presentes em Belém. Logo à entrada do pavimento superior, na sala inicial do Museu de Arte Sacra, destaca-se uma peça magnífica que captura a atenção e reverência dos visitantes: a Pietà em madeira policromada, datada do século XVIII. Esta representação artística, majestosamente talhada e pintada, traz à vida a cena bíblica clássica de Maria segurando Cristo já sem vida em seu colo. A policromia, ou a aplicação de cores à escultura, adiciona uma camada de realismo e beleza, destacando as nuances de emoção nas feições de Maria e Cristo.

Esta Pietà possui uma rica história, tendo origem na Igreja do Carmo. Sua procedência confere um significado ainda mais profundo à peça, conectando-a diretamente com a devoção e a fé que permearam aquele espaço sagrado ao longo dos séculos. Ao observar a Pietà, os visitantes são convidados a contemplar a profundidade da narrativa religiosa e a expressão artística que transcende o tempo. A representação da Virgem Maria lamentando a morte de seu filho é uma poderosa manifestação de compaixão e sofrimento, convidando à reflexão sobre os aspectos emocionais da fé cristã.

Ao percorrer o corredor central do Museu de Arte Sacra, os visitantes são imersos em uma impressionante mostra de telas, imaginária sacra e acessórios, incluindo dois medalhões dispostos nas paredes. Este corredor, como um verdadeiro testemunho da devoção e expressão artística sacra, é um destaque dentro da magnífica coleção do museu.

Cada tela é uma narrativa visual, retratando temas e passagens bíblicas, dentre elas a Santa Ceia, com uma grandiosidade que ecoa através dos séculos. Essas obras de arte, além de sua imponência estética, têm uma história fascinante, uma vez que ornamentaram diversas igrejas ao longo do tempo.

A riqueza desse acervo é fruto de objetos utilizados pelos jesuítas em cerimônias ritualísticas, além de generosas doações particulares. Destaca-se a coleção do médico paraense Abelardo Santos, cujas peças foram doadas ao museu após a reforma da igreja na segunda metade do século XX, resgatando-a de um estado de abandono. O Museu de Arte Sacra do Pará desempenha um papel crucial na preservação e promoção da herança cultural e histórica da região. Profundamente dedicado à arte sacra produzida entre os séculos XVII e XX, o museu também destaca a rica tradição artística amazônica. Essa valorização contribui significativamente para a compreensão e apreciação do patrimônio histórico e cultural da região.

Reconhecendo sua importância, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tombou a igreja na segunda metade do século XX. Essa medida ocorreu no contexto de um projeto visionário que visava revitalizar o centro histórico de Belém, destacando o compromisso com a preservação desses tesouros arquitetônicos para as gerações futuras. A Igreja de Santo Alexandre permanece, assim, como um símbolo vívido e venerado do passado glorioso da região amazônica.

A MULHER SEM ROSTO DA IGREJA DE SANTO ALEXANDRE

Alguns lugares possuem fama de mal-assombrados, sejam casarões antigos, cemitérios e locais marcados por algum tipo de tragédia. Contudo algumas pessoas costumam acreditar que os lugares mais mal-assombrados do mundo seriam as igrejas. Seria possível que templos sagrados fossem palco do sobrenatural?

O relato a seguir foi feito por uma antiga funcionária do Museu de Arte Sacra, segundo ela, o espaço seria marcado por supostas aparições e ela mesma já teria flagrado objetos se moverem sozinhos. O episódio narrado por ela se trata de uma suposta mulher sem rosto:

“Tu já foste ao Arte Sacra? Tem uma parte da igreja de Santo Alexandre, é lá no Cristo, que as pessoas costumam se ajoelhar para fazer suas orações, pedidos e agradecimentos. Sempre tem gente lá fazendo isso, é algo até comum e é até bonito de ver a fé das pessoas que vão lá só pra fazer isso.

Só que teve um dia, faz um pouco de tempo já, mas nesse dia uma senhorinha dessas de idade entrou lá pra fazer isso. Ela contou pra gente que tava’ ajoelhada lá no Cristo, rezando e viu quando uma outra senhora também se aproximou, ajoelhou bem do lado dela e ficou quieta por um tempo. Só que não demorou muito e a senhora perguntou:

— Que horas são, por favor?

Só que quando a senhorinha foi responder, ela viu que a mulher não tinha um rosto, era um negócio preto no lugar do rosto. Égua, essa senhora deu um grito tão feio, mais tão feio, que a gente correu pra’ ver o que era. Quando nós chegamos a pobrezinha não conseguia nem falar, tava’ branca e se tremendo de medo, foi que a gente deu uma água pra ela e depois que passou mais o susto foi que ela contou o que tinha acontecido”.

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