Chamo de pacote da fraude porque o governo está fraudando a legislação eleitoral para fazer gastos em véspera das eleições. O governo está aprovando um imaginário “estado de emergência” para poder distribuir recursos há 100 dias das eleições.
Mas vejamos quais as possibilidades de Bolsonaro reverter sua baixa intenção de votos nas classes D e E a partir deste pacote da fraude eleitoral. Bolsonaro está perdendo de “lavada” nos eleitores que ganham até 2 salários mínimos e entre aqueles que recebem auxílios financeiros federais.
Devo dizer que a ciência política não é exata, e como tal sempre projetamos probabilidades com base nas teorias do comportamento eleitoral, portanto, podemos errar.
Bolsonaro vem consolidando há décadas um comportamento político contra as políticas compensatórias dos governos federais. Bolsonaro sempre foi contra bolsa família e seus derivados. Com este comportamento ganhou muitas parcelas das classes médias do país.
Ora, Bolsonaro e suas mídias consolidaram em pelo menos 20 anos uma posição contra a bolsa escola, bolsa família, seguro defeso, etc. Bolsonaro quando assumiu o governo reestruturou a bolsa família e reduziu, a título de combater fraudes, em 50% os beneficiários dos programas sociais do governo federal, como bolsa família e seguro defesa.
O eleitor mediano de todas as classes sociais, que chegam a 90% dos eleitores tem uma péssima imagem dos políticos, dos partidos e portanto, não se interessam no cotidiano pela vida política.
Agora Bolsonaro, que em 3,5 anos de governo nunca buscou se conectar com os mais pobres deste país, pretende convencer os esquecidos pobres de que a oferta emergencial de dinheiro pode ser convertido em votos, na disputa presidencial?
Pois bem, para nós pesquisadores de política será um excelente laboratório para vermos se Bolsonaro conseguirá converter rejeição em votos, a partir do derrame de dinheiro público às vésperas das eleições de 2022.
Eu projeto que as tendências das pesquisa eleitorais não terão grande variação nos próximos dois meses. A oposição seguramente deverá relembrar, com intensidade, a luta histórica de Bolsonaro contra políticas sociais ao longo dos últimos 30 anos, desde quando elegeu-se deputado federal em 1990.
Não se muda uma tendência eleitoral, que parece consolidada , em 100 dias.
Em eleições para governo, inclusive em eleições presidenciais, o eleitor sempre vota naquele candidato que ele (o eleitor) acha que vai mudar sua vida. E este mesmo eleitor, se volta para escolher seu candidatos nos últimos 30 dias de campanha eleitoral.
Isto posto, o eleitor mediano, aquele que não gosta de política, se volta pra escolher seu candidato às vésperas da eleição e sempre se auto-questionará: o presidente atual superou em realizações as promessas de campanha? ou seja, este presidente melhorou a minha vida nos últimos 4 anos?
Caso a resposta seja negativa o eleitor mediano se volta para a oposição e a escolha deste eleitor fica mais fácil quando este (o eleitor) vê na oposição um candidato que tem histórico de ter feito governos voltado para cuidar também dos mais pobres.
Portanto, as probabilidades eleitorais, de acordo com a teoria do comportamento eleitoral aponta para a rejeição a Bolsonaro e a vitória de um candidato da oposição no Brasil em 2022.
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