Sabemos que o transporte público coletivo ofertado deixa a desejar e que na maioria dos casos, o serviço ofertado à população é composto por uma frota de ônibus, muitas vezes sucateados, em números incapazes de suprir à demanda da população de diversos bairros da região metropolitana. Essa situação vem sendo vivenciada pelos moradores do Conjunto Jaderlândia I, localizado em Ananindeua.
Os moradores têm expressado grande insatisfação com a qualidade do transporte coletivo disponibilizado pela empresa que opera no bairro, gerando denúncias sobre a forma como o serviço vem sendo oferecido à população local.
O conjunto possui boa parte de suas vias asfaltadas, sinalizadas e com ponto de embarque e desembarque de passageiros, contudo, os moradores não possuem o principal: transporte.
É o que conta, Cristianne Silva, uma moradora do conjunto, “de que adianta o poder público estruturar o conjunto, se o conjunto não tem ônibus e quando tem é de hora em hora”. A moradora ainda completa “os problemas [com o transporte] são tantos que eu não consigo nem elencar de uma só vez.”
Um morador, que preferiu não se identificar, relata que o problema é antigo e que se arrasta desde a pandemia de Covid-19, quando houve uma diminuição na frota e que após a retomada da normalidade a continuou escassa, resultando em longos períodos de espera nos pontos de ônibus.
Essa redução na oferta de transporte público gerou impactos significativos na rotina dos moradores do Jaderlândia. Muitos trabalhadores enfrentaram dificuldades para chegar aos seus empregos, enquanto estudantes tiveram problemas para comparecer às aulas. Além disso, idosos, pessoas com deficiência e outras populações vulneráveis foram particularmente afetados pela falta de acesso a um serviço de transporte confiável.
“Na maioria das vezes a gente tem que pagar moto-táxi, porque nunca tem ônibus no final da linha, às vezes até tem ônibus no final da linha, mas tá no prego”, relatou Rita Coelho, que mora no conjunto desde 2006, o sentimento é de descaso para com os moradores e que em muitas vezes os moradores precisam utilizar transportes alternativos ou até mesmo fazer longas caminhadas, “quando não tem dinheiro a gente tem que ir andando pra Br ou pra Augusto Montenegro”.
Atualmente, duas linhas de ônibus vêm sendo ofertadas aos moradores do conjunto, seriam as linhas Jaderlândia Ver-o-Peso e a linha Jaderlândia-Mangueirão, que é outro ponto de reclamação.
A linha que faz a rota BRT, atualmente conta com apenas um carro operando, com viagens realizadas de segunda à sexta, de hora em hora. Sendo a última viagem do dia saindo às 11:20 do final da linha, além de estar sujeito a ausências nos fins de semanas e feriados, deste modo os passageiros enfrentam dificuldades e a incerteza quanto à disponibilidade do serviço.
“O [Jaderlândia] Mangueirão só roda de segunda à sexta, na verdade nem é certeza, às vezes da prego e o ônibus volta pra garagem”, conta Cristianne Silva, “Sem falar que o [Jaderlândia] Ver-o-Peso só roda até sábado de manhã, como se os passageiros não fossem voltar pra casa”.
A comunidade denuncia a ausência de linhas importantes, como a Presidente Vargas e a Felipe Patroni/Pátio Belém, que segundo os moradores, foram extintas pela empresa operadora. Essas linhas desempenhavam um papel crucial na conectividade e na acessibilidade dos moradores do Jaderlândia a outras áreas da cidade, e sua retirada apenas agrava a situação precária do transporte público na região.
Rita Coelho conta que, “chegamos a montar uma comissão, fomos em uma reunião na SEMUTRAN (Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito), chegando lá a empresa disse que tiraram as outras linhas porque não tem passagem, sendo que eu cansei de pegar esses ônibus lotados”
Outra reclamação é sobre a condição dos veículos que se encontram em péssimo estado de conservação, com problemas mecânicos recorrentes, são relatos comuns entre os passageiros. Essas condições não apenas prejudicam o conforto dos usuários, mas também levantam questões sérias de segurança.
“Já não tem ônibus e quando tem, é um carro velho que sempre dá prego”, relatou um usuário da linha Jaderlândia Ver-o-Peso, e ainda completou “me sinto desrespeitado, sabe?! Parece que não mora gente aqui.”
Diante desses problemas expostos, os moradores de Jaderlândia pedem por uma intervenção das autoridades competentes para melhorar as condições do transporte coletivo na região. Eles esperam por medidas que garantam a regularidade dos horários, a manutenção adequada dos veículos, a segurança dos passageiros e o respeito aos direitos dos usuários. Afinal, um serviço de transporte público de qualidade é essencial para a mobilidade e o bem-estar da comunidade.