PCB (Partido Comunista Brasileiro) é um dos primeiros partidos ideológicos do Brasil

O PCB é a sigla para “Partido Comunista do Brasil“, fundado em 25 de março de 1922, em Niterói, Rio de Janeiro, de base comunista, com teorias e práticas inspiradas em Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), tendo como ideologia o marxismo-leninismo.

O partido era ligado a III Internacional Comunista (1919-1943), organização internacional fundada por Vladimir Lenin e pelo PCUS (bolchevique), em março de 1919, para reunir os partidos comunistas de diferentes países, era também conhecido como “Revolta Vermelha“.

Símbolo

A bandeira vermelha implica nas ideias de desafio, de lutas e do sangue dos trabalhadores vertido na luta histórica. Associada ao socialismo e comunismo, a esquerda revolucionária, ao sindicalismo, manifestações populares, sem-terra e movimentos de trabalhadores sem terra.

Em junho de 1848 à Assembleia Nacional Constituinte decretou estado de sítio, e nomeou o ministro da Guerra, general Louis-Eugène Cavaignac, que debelou um movimento de insurreição realizado por socialistas e operários desempregados. O combate durou quatro dias e morreram cerca de 1500 revoltosos. A bandeira tricolor ficou encharcada pelo sangue dos socialistas e desempregados, daí em diante a bandeira vermelha passou a ser a cor da bandeira do socialismo e comunismo.

“Após o esmagamento da revolução de 48, em Paris, somente depois que a bandeira tricolor foi empapada com o sangue dos insurretos de junho, a bandeira vermelha passou a ser a bandeira da revolução europeia” Karl Marx.

Da insurreição de 48 os que sobreviveram foram julgados sem direito de defesa, 12.000 foram presos e 4 mil deportados para a Argélia. Os jornais foram suspensos, as reuniões públicas proibidas e as associações políticas controladas pela polícia.

O partido tem como símbolo “uma foice e um martelo, cruzados, simbolizando a aliança operário-camponesa, sob os quais está escrita a legenda Partido Comunista Brasileiro“, criado na Revolução Russa de 1917 quando trabalhadores russos, sob a liderança de Lênin, acreditavam na vitória do socialismo com a união das forças entre os trabalhadores camponeses e os operários.

Cancelamento

O partido é o que tem a mais longa história política no país, mesmo que sua trajetória tenha sido interrompida diversas vezes, colocado na ilegalidade, perseguido e cisões.

Fundado em 25 de março de 1922, em junho do mesmo ano foi colocado na ilegalidade, ficando assim até 1927. Em 1935 o PCB tentou derrubar o governo de Getúlio Vargas (1882-1954) entre os dias 23 e 27 de novembro por militares, em nome da Aliança Nacional Libertadora (A.N.L.), que contou com o apoio do PCB, mas fracassaram.

Vargas se utiliza em 1937 do “Plano Falso”, chamado de “Plano Cohen” para emplacar a ditadura do Estado Novo sob alegação de golpe comunista. O PCB na ocasião voltou a clandestinidade.

No período do governo Vargas o partido esteve a maior parte do tempo existindo na ilegalidade, e no dia 7 de maio de 1947, por três votos a dois, o TSE cassou a legenda comunista – LEIA AQUI – Resolução nº 1.841, de 7.5.1947 (formato PDF).

Na ocasião a imprensa se dividiu apoiando e outros condenando a decisão do tribunal. Políticos contra e a favor também se manifestaram, alguns defendiam que o partido deveria continuar na legalidade, pois seria mais fácil e democrático combatê-lo, e outros defenderam o fim, ainda que a clandestinidade trouxesse enormes perigos.

Lideranças

Mesmo enfrentando constantes processos de ilegalidades e perseguições o PCB, um dos únicos partidos de esquerda da República Velha e o primeiro de relevância nacional, conseguiu atrair à atenção de diversas personalidades como o escritor Graciliano Ramos (1892–1953), eleito prefeito de Palmeiras dos Índios (1928-1930), preso após a Intentona Comunista, em 1935, em 1945 filiou-se ao partido. O escritor Jorge Amado (1912-2001), em 1945 foi eleito deputado federal pela sigla, o que mais tarde lhe rendeu fortes pressões políticas. Outro comunista histórico foi o arquiteto Oscar Niemeyer (1907–2012), que deixou o Brasil após o golpe militar de 1964, retornando somente em 1985.

O maior nome do PCB é o de Luís Carlos Prestes (1898-1990), militar e político, preso em 1936 (9 anos de prisão), perdeu o posto de capitão. Em 1940 foi condenado a 30 anos de reclusão, porém Getúlio Vargas anistiou o líder comunista em troca de apoio político. Mas, sua companheira alemã de origem judaica, Olga Benário, foi deportada para Alemanha, grávida, depois do nascimento de Anita Leocádia Prestes, Olga foi executada em uma câmera de gás em um campo de concentração nazista, em 23 de abril de 1942. O alinhamento de Prestes e Getúlio Vargas após o ocorrido até hoje é alvo de debates.

Outros líderes: Cândido Portinari, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Mario Lago, Caio Prado Jr, Oscar Niemeyer.

Golpe Militar de 1964

Em 1960 o PCB que operava na ilegalidade adotou o nome Partido Comunista Brasileiro e manteve a sigla PCB. Mas por caso de dissidência em 18 de fevereiro de 1962, uma nova sigla e grupo foi formado surgindo então o Partido Comunista do Brasil, PCdoB.

Em 1964 no Golpe Militar integrantes do partido pegaram caminhos diferentes, enquanto uns partiram para o exílio, outros aderiram a luta armada integrando grupos guerrilheiros.

Fim do BIPARTIDARISMO e o ressurgimento do PCB

Com o fim do bipartidarismo em 1979, o PCB em 1980 retornou a legalidade, mas em 1992 o grupo liderado por Roberto Freire, declarou a extinção do partido, e criação, do Partido Popular Socialista (PPS), decisão reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Em 9 de maio de 1996 o PCB consegue registro e volta a existir como partido legalizado.

De fundação o partido comemora 99 anos (25 de março de 1922), e de registro 25 anos (9 de maio de 1996).

Hoje o partido conta com mais de 12 mil filiados, e tem como presidente Edmilson Costa, desde 1993.

OBS. O PCdoB entende ser o Antigo Partido Comunista de 1922.

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Bibliografia:

• Site do TSE
• História dos Partidos Políticos do Brasil, Marcos Faber, 1ºEdição
• 40 Fatos Para Entender a Revolução Russa, Coleção Arquivos da História, Editora Astral, 2019.
• Wikipédia
• A Ameaça Vermelha: O Plano Cohen/ Hélio Silva, 1980/ L&PM
• As Reações Armadas Ao Regime de 64, Guerrilha ou Terror?/ Renato Mocellin/Editora do Brasil
• Brasil: Nunca Mais, Um Relato Para a História/Arquidiocese de São Paulo/ 17ºEdição/Vozes, 1986.
• Constituição de 1891, 1934, 1937 e 1967
• Lei da Anistia de 1979.
• Acervo O Globo

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