O tratamento ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é amplamente reconhecido como uma abordagem eficaz para o desenvolvimento de habilidades em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar de sua importância para o progresso social, cognitivo e comportamental, muitas famílias enfrentam desafios ao tentar garantir esse tratamento por meio de seus planos de saúde. Negativas para cobertura de terapias ABA são comuns, mas é fundamental que as famílias conheçam seus direitos e saibam como agir para assegurar o acesso a esse recurso essencial.
De acordo com a legislação brasileira, os planos de saúde têm o dever de cobrir tratamentos relacionados ao TEA, incluindo terapias indicadas por médicos especializados, como o ABA. A Lei nº 9.656/1998, que regula os planos de saúde, estabelece que eles devem oferecer cobertura integral para transtornos de neurodesenvolvimento, de acordo com o rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Embora o rol da ANS nem sempre detalhe tratamentos específicos, a recomendação médica é um fundamento jurídico suficiente para reivindicar a cobertura.
Quando os planos de saúde se recusam a cobrir o tratamento ABA, as justificativas costumam envolver alegações como a falta de previsão no contrato ou no rol da ANS. No entanto, tais negativas podem ser contestadas judicialmente, uma vez que o direito à saúde é garantido pela Constituição Federal. A negativa de cobertura pode ser caracterizada como abusiva, especialmente quando o tratamento é considerado indispensável para a qualidade de vida e o desenvolvimento do paciente.
O papel do advogado é crucial nesses casos. Ele pode orientar as famílias sobre os passos necessários para contestar a negativa, incluindo o registro da negativa formal junto ao plano de saúde, a obtenção de laudos médicos detalhados que justifiquem o tratamento e, se necessário, a elaboração de uma ação judicial. Muitos tribunais têm decidido a favor das famílias, entendendo que o direito à saúde deve prevalecer sobre questões contratuais ou regulamentares.
Além da via judicial, as famílias também podem recorrer à ANS para registrar reclamações contra os planos de saúde. A mediação realizada pela agência pode ser um caminho eficiente para resolver o problema sem a necessidade de um processo judicial. No entanto, em casos mais complexos, o suporte jurídico especializado é indispensável para garantir a celeridade e a efetividade na obtenção do tratamento.
O acesso ao tratamento ABA não é um privilégio, mas um direito das pessoas com autismo. Enfrentar negativas de planos de saúde pode ser desafiador, mas com a orientação jurídica adequada, as famílias podem assegurar que seus entes queridos recebam os cuidados necessários para alcançar seu pleno potencial. Informar-se sobre seus direitos e buscar suporte especializado são passos fundamentais para vencer essa batalha e garantir a dignidade e a qualidade de vida de quem precisa do tratamento.