De uma juventude marcada pelo crime à transformação através da arte, Madson encontrou um novo propósito ao se tornar pai e abraçar o graffiti como forma de expressão e redenção.
Madson começou sua trajetória nas ruas de Belém aos 14 anos, envolvido com a gangue Dezordem. Dez anos depois, ele liderava a gangue Perversos Quentura, mergulhado em um estilo de vida que envolvia pequenos furtos e brigas com gangues rivais.
Filho de mãe solteira, ele via nas gangues uma família, um refúgio de companheirismo e proteção, enquanto buscava reconhecimento nas madrugadas pichando muros por Belém e outros lugares.
A virada em sua vida veio de maneira inesperada: uma gravidez o obrigou a enfrentar a realidade de ser pai, sem emprego ou qualquer perspectiva de futuro. Desesperado, Madson começou a fazer serviços braçais, como limpeza de terrenos e pintura de residências. Foi nesse momento que conheceu um homem de fé simples, cuja paixão pela pintura o inspirou a dar seus primeiros passos no mundo das artes.
“Com meus alicerces abalados conheci um homem de uma fé simples que amava a pintura. Foi onde dei meus primeiros passos em direção à arte, desenhando e pintando com giz de cera”, lembra Madson. “Comecei a fazer graffiti de maneira independente, até conhecer outros artistas locais.”
Deixando o pixo para trás, Madson abraçou o graffiti como uma forma de expressão artística. Ele formou o coletivo “Grazônia” – graffiti da Amazônia – e passou a interagir com outros grupos de arte urbana, como o Explosão Crew da Vila da Barca e a Q.R.T de São Paulo. Hoje, ele continua sua jornada criativa na Casa das Artes, onde sua história de superação se reflete nas cores e formas que aplica nos muros.
Mais do que simples marcas, o graffiti se tornou para Madson uma intervenção estética e cultural, transformando o ambiente urbano e transmitindo ideias que convidam à reflexão. Cada traço de tinta carrega uma mensagem, um pedaço de sua visão de mundo, que dialoga com quem passa, renovando a paisagem e o sentido de pertencimento à cidade.
O Graffiti: A arte que nasce nas ruas e desafia padrões
Originado como uma manifestação de resistência social, o graffiti é uma forma de expressão artística que ultrapassa as barreiras do convencional, transformando espaços públicos em telas para a criatividade e a crítica
O graffiti é uma forma de arte urbana que se manifesta por meio de desenhos e pinturas feitos em espaços públicos, como muros, edifícios e ruas. Surgido na década de 1970 em Nova York, ele começou como uma resposta de jovens que buscavam desafiar os padrões impostos à arte tradicional e, ao mesmo tempo, expressar suas lutas sociais e sua identidade. Muito associado ao movimento hip-hop e a outras tribos urbanas, o graffiti se tornou um símbolo de resistência e de transformação do ambiente urbano.
No Brasil, o graffiti começou a ganhar forma no final da década de 1970, especialmente em São Paulo, onde artistas locais encontraram nessa forma de expressão uma maneira de dialogar com as questões sociais e culturais do país. Desde então, o graffiti evoluiu, conquistando espaço e reconhecimento, sem perder sua essência contestadora e inovadora. Cada traço pintado nas ruas traz uma mensagem, uma visão do mundo, que desafia o olhar de quem passa, fazendo da cidade uma galeria de arte a céu aberto.