A chamada revolta de Beckman fora uma rebelião contra o governo colonial, em São Luís, em 25 de fevereiro de 1684 e está inserida entre os movimentos nativistas que embora tenham se rebeliando contra a dominação de Portugal não pediam a independência deste, elas ocorreram no Brasil entre os séculos XVII e XVIII.
Em 1682, Portugal criou a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão que vendia no Maranhão, que era muito pobre, produtos com preços elevados. Eis alguns motivos de descontentamentos: os comerciantes locais sentiam-se prejudicados pelo monopólio da Companhia; os grandes proprietários rurais entendiam que os preços oferecidos pelos seus produtos eram insuficientes; os apresadores de indígenas, contrariados em seus interesses, reclamavam da aplicação das leis que proibiam a escravidão dos nativos; a população protestava contra a irregularidade do abastecimento dos gêneros e os elevados preços dos produtos.
A Companhia passou a ser objeto de acusações de não fornecer anualmente o número de escravos estipulado pelo Regimento (a nova Companhia deteria o estanco (monopólio) de todo o comércio do Maranhão por um período de vinte anos, com a obrigação de introduzir dez mil escravos africanos (à razão de quinhentos indivíduos por ano), comercializando-os a prazo, a preços tabelados), e de usar pesos e medidas falsificados, de comercializar gêneros alimentícios deteriorados e de praticar preços exorbitantes. Outro agravante eram às isenções concedida aos religiosos.
O resultado foi a revolta!
Sessenta homens armados liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman depuseram o Capitão-Mor Baltazar Fernandes.
Na sequência os revoltosos expulsaram os jesuítas que eram contrário à escravidão indígena e que desejavam catequiza-los, e declararam deposto o governador Francisco de Sá de Meneses que na ocasião estava em visita em Belém, no Pará, extinguiram também a companhia de comércio e governaram o Maranhão por quase um ano.
Portugal nomeou um novo governador, Gomes Freire, que desembarcou em São Luis, 15 de maio de 1685, à frente de efetivos militares sem encontrar qualquer resistência restaurou a ordem, e decidiu punir os revoltosos.
Beckman é entregue as autoridades pelo próprio filho adotivo, Lázaro de Melo, em troca de recompensa.
Manuel Beckman e Jorge Sampaio líderes da revolta foram enforcados em, 2 ou 10, de novembro de 1686, as últimas palavras de Manuel teria sido “Morro feliz pelo povo do Maranhão!”.
Seu afilhado traidor recebeu a patente de capitão de uma das companhias da nobreza, mas nenhuma das companhias aceitou o comando traidor, por essa razão procurou o governador queixando-se da falta de respeito a ele dada. Afirma-se que Gomes Freire teria lhe respondido “que prometera o cargo, não o respeito dos comandados.” Lázaro foi morto trucidado em uma moenda em seu engenho.
Thomas Beckman foi enviado a Lisboa para que, na Corte, manifestasse claramente a fidelidade ao rei e à Metrópole, e lutasse pelas reivindicações que os colonos entendiam justas.
A Companhia do Comércio foi extinta, os índios aprisionados em guerra ficaram na escravidão como uma forma de permitir aos colonos que utilizassem os índios como escravos e de conter novas rebeliões.
Essa foi a primeira revolta anticolonial no Brasil, embora não lutasse pela emancipação de Portugal.
Fontes:
BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 1978.
CHIAVENATO, Júlio José. As lutas do povo brasileiro: do “descobrimento” a Canudos. 2. Ed. São Paulo: Moderna, 2004.
RIBEIRO, Berta. O índio na história do Brasil. São Paulo, Global, 1987.