As Mudanças da Lei 15.077/2023 e o Impacto no BPC/Loas para Pessoas com Autismo

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As Mudanças da Lei 15.077/2023 e o Impacto no BPC/Loas para Pessoas com Autismo
Uma das principais alterações diz respeito à análise da renda per capita familiar, um critério fundamental para a concessão do benefício / Foto: Edição TN Brasil TV

A Lei 15.077/2023 trouxe alterações significativas na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), afetando diretamente as famílias de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este benefício, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), assegura um salário mínimo mensal às pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade econômica. Com as mudanças recentes, torna-se essencial compreender os novos critérios e como eles podem impactar as pessoas com autismo.

Uma das principais alterações diz respeito à análise da renda per capita familiar, um critério fundamental para a concessão do benefício. Antes, o limite para o acesso ao BPC era estritamente de um quarto do salário mínimo por pessoa na família. Com a nova legislação, a avaliação passou a considerar outros fatores, como gastos com cuidados, terapias, medicamentos e tratamentos essenciais à pessoa com deficiência, incluindo os custos específicos do tratamento para o autismo. Essa mudança representa um avanço, já que reconhece as despesas extraordinárias que muitas famílias enfrentam.

Outra alteração importante foi a ampliação do conceito de deficiência. A lei agora reforça que a deficiência deve ser analisada de maneira mais ampla, considerando as barreiras enfrentadas pela pessoa no ambiente social e familiar, e não apenas sob um critério estritamente médico. No caso de pessoas com autismo, isso significa que as dificuldades de comunicação, interação social e independência devem ser avaliadas no contexto das limitações e das necessidades individuais, garantindo uma análise mais justa e personalizada.

Contudo, mesmo com os avanços, as mudanças também trouxeram desafios. O processo de solicitação do benefício se tornou mais detalhado, exigindo que as famílias forneçam laudos médicos, avaliações sociais e informações financeiras detalhadas. Além disso, a necessidade de comprovar os gastos relacionados ao tratamento pode ser complexa, especialmente para famílias que não têm acesso fácil a serviços de saúde ou que enfrentam barreiras burocráticas no sistema público.

O papel do advogado nesse contexto é fundamental. Ele pode orientar as famílias sobre como reunir a documentação necessária, auxiliar no preenchimento correto das informações e, em caso de negativa, entrar com recursos administrativos ou judiciais para garantir o direito ao benefício. A atuação jurídica também pode ser decisiva para contestar interpretações restritivas da nova lei, assegurando que os direitos das pessoas com autismo sejam plenamente respeitados.

A Lei 15.077/2023 representa um passo importante na adaptação do BPC às realidades das famílias de pessoas com autismo, trazendo maior sensibilidade às suas necessidades. No entanto, a plena efetivação desse direito depende da conscientização das famílias, da capacitação dos órgãos responsáveis e do suporte jurídico adequado. Com essas mudanças, espera-se que mais pessoas com autismo tenham acesso ao benefício, promovendo inclusão e dignidade para essas famílias.