Belém do Pará, a cidade morena, dos sabores, das chuvas e das histórias. Em cada esquina, uma memória. Em cada rua, um traço de resistência. E hoje, ao celebrar os 409 anos dessa terra tão rica e singular, nos permitimos mergulhar em sua essência, nos encantando com suas raízes, suas lutas e suas conquistas.
A história de Belém começou em 1616, quando Francisco Caldeira Castelo Branco fundou o Forte do Presépio. Ali, na terra do bravo povo tupinambá, erguia-se não apenas um ponto estratégico para os interesses portugueses, mas o embrião de uma cidade que se tornaria a primeira capital da Amazônia. De Feliz Lusitânia a Santa Maria de Belém do Grão-Pará, nossa cidade recebeu nomes que ressoam sua ligação com o sagrado, até se tornar a Belém que hoje conhecemos e amamos.
No entanto, não podemos falar de Belém sem lembrar sua força em tempos difíceis. Da adesão tardia à independência do Brasil, em 1823, até a Cabanagem, que em 1835 levantou o grito dos excluídos – indígenas, negros e mestiços – Belém se fez palco de lutas populares que marcaram sua história com sangue, coragem e esperança.
Essa cidade que floresceu no apogeu da borracha, entre 1890 e 1920, trouxe ao Brasil o glamour que ecoava da Europa. Não é por acaso que Belém ganhou o título de Paris N’América. Foi nessa época que símbolos como o Teatro da Paz e o Ver-o-Peso nasceram, eternizando o espírito grandioso da capital paraense.
Hoje, Belém continua sendo uma cidade que emociona, não apenas pelo seu passado, mas pela riqueza que pulsa em seu presente. É aqui que, todos os anos, milhares de corações se unem no Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa católica do Brasil. É aqui também que a culinária transcende o paladar, consagrando Belém como Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco, celebrando nossos sabores únicos como o tacacá, o açaí e o pato no tucupi.
Belém das mangueiras, dos ritmos, da marujada e do carimbó. Belém das manhãs abafadas e das tardes de chuva refrescante. Belém dos prédios coloniais e das paisagens amazônicas. Uma cidade que carrega em si a força do rio e a resistência de seu povo.
Hoje, nos seus 409 anos, Belém nos lembra de que é muito mais que um ponto no mapa. É história viva, cultura pulsante, fé inabalável. É a flor que cheira no Grão-Pará, como cantou Chico Senna. E a nós, que temos o privilégio de caminhar por suas ruas e viver sob suas mangueiras, cabe desejar que sua história siga forte, firme e repleta de motivos para celebrar.
Parabéns, Belém! Que seus próximos anos sejam tão grandiosos quanto os que ficaram para trás.
Por Bárbara Selvate