O presidente Jair Bolsonaro disse que está na hora de um evangélico ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o último censo do IBGE, havia em 2010 cerca de 64,6% de católicos no país; 22,2% de evangélicos; 2,4% de espíritas e animistas (religiões de base africana); 10,6% de ateus e outras religiões.
Ou seja, a se levar a sério a proposta do presidente, dos 11 ministros do STF, pelo menos dois deviam ser evangélicos; seis, católicos e os 3 restantes com um revezamento entre espíritas, umbandistas, budistas, judeus, ateus etc. Será que Bolsonaro concordaria?
No Supremo, hoje, quase todos são católicos, ou seja, cristãos, como gosta Bolsonaro. A começar pelo presidente da Corte, o ministro Dias Toffoli. De resto, há um judeu, Luiz Fux; um ministro “espiritualizado sem ser religioso”, Luís Roberto Barroso; e um agnóstico, Celso de Mello.
O ministro Marco Aurélio Mello é católico, mas não acha importante a denominação religiosa na escolha dos membros da Corte. “O Supremo não é um tribunal eclesiástico, religioso”, disse ao blog.
Marco Aurélio explica que os ministros têm que levar em conta o trinômio Lei, Direito e Justiça:
“Com enfoque maior da Constituição Federal. Cada qual tem formação humanística própria, e nesta entra a concepção religiosa. Não posso negar que repercute na formação do convencimento. O que não cabe é fechar a Constituição, menosprezar as normas legais e constitucionais e potencializar o enfoque religioso.”
Luiz Roberto Barroso é filho de mãe judia e pai católico. Diz que não quer entrar na polêmica com Bolsonaro. Mas explica que sua religião é feita por ele mesmo:
“Tem Torá, Evangelhos, Buda, Aristóteles, Kant e influência de textos de uma organização espiritual chamada Brahma Kumaris, de filosofia oriental. Minha fé racional é que a história é uma marcha contínua na direção do bem e do avanço civilizatório.”
Ou seja, podem não existir evangélicos, umbandistas nem ateus no Supremo. Mas, como disse ao blog o ministro Marco Aurélio, “à toa é que não existe”
Fonte UOL